quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

No Entrudo, come-se tudo

Feijoadas Cariocas também é Cultura ! Com a proximidade dos festejos carnavalescos, comentamos o relacionamendo dos primórdios do Carnaval Carioca, o Entrudo, com a nossa dileta Feijoada, no caso, portuguesa com certeza !



"O antigo Entrudo português - caceteiro e ofensivo, avinhado e licencioso, tinha um dito relacionado com a comida: "No Entrudo come-se tudo". Mas é preciso cuidado com afirmações definitivas: no Entrudo, não tem lugar o peixe, que segundo a sabedoria popular não puxa carroças, e nesta quadra festiva há sempre carroças a puxar, algumas bem pesadas por sinal.

O Carnaval é festejado nos três dias que antecedem a Quaresma, que começa na Quarta-Feira de Cinzas e se prolonga até à Páscoa.Mas em rigor, logo a seguir à quadra natalícia, mais concretamente no termo do período dos doze dias que vão do Natal aos Reis, começa a preparar-se o ambiente para o Carnaval. 

E pode-se dizer que noutros tempos a época carnavalesca começava mesmo no Dia dos Reis, 6 de Janeiro. A partir de então, os domingos eram assinalados por festas já carnavalescas e grandes comezainas, o que levou a apor-lhes o designativo de Domingos Gordos.

Assim nasceram as feijoadas de Carnaval, e diga-se desde já que as melhores são as do Norte, com destaque para as transmontanas, enriquecidas com o fumeiro da região.Na Beira Litoral, faz-se uma feijoada com orelheira, a que se juntam muitos nabos (4 para 1 orelha) e a respectiva rama, tenrinha.

Nas Minas da Panasqueira, há uma feijoada temperada com massa de pimentão, e na qual, do porco, só se usam os pezinhos.No Porto, toda a gente sabe, fazem-se grandes feijoadas e diga-se enfim que as tripas não seriam o que são se lhes faltasse a saborosa leguminosa. 

Falta acrescentar que os açorianos juntam à feijoada ramos de funcho, prevenindo assim eventuais flatulências.Manda a tradição que a feijoada seja sempre acompanhada por arroz, e há uma explicação para o facto: o cereal melhora a qualidade das respectivas proteínas.

No Norte, em princípio, o arroz é de forno, devendo ser servido no recipiente em que foi cozinhado.Será necessário dizer ainda que as feijoadas são melhores se forem reaquecidas.

O feijão chegou à Europa Ocidental em 1528 e os historiadores atribuem o feito ao Papa Clemente VII que, tendo recebido das Índias Ocidentais umas estranhas sementes em forma de rim, ordenou a um frade, Piero Valeriano, que as semeasse.

Os resultados finais foram excelentes: além do mais, os frutos produzidos (baptizados com o nome de fagioli, por fazerem lembrar as favas) eram agradáveis ao paladar.Quando Catarina de Médicis viajou para Marselha, para casar com o Duque de Orleães, futuro Henrique II, o frade Valeriano explicou-lhe que os homens também se conquistam pelo estômago e meteu-lhe na bagagem um saco com feijões.Parece que o frade tinha toda a razão. "


Do livro: Festas e Comeres do Povo Português
http://www.gastronomias.com/carnaval/




Um pouco de História... (Wikipedia)

O costume de se brincar no período do carnaval foi introduzido no Brasil pelos portugueses, provavelmente no século XVI, com o nome de Entrudo e que consistia basicamente no lançamento mútuo de limões de cheiro (dentro das casas senhoriais) ou qualquer outro tipo de líquidos ou pós (nas ruas).

Após a Independência do Brasil, a elite carioca decide se afastar do passado lusitano e incrementar a aproximação com as novas potências capitalistas. A cidade e a cultura parisienses foram os parâmetros através dos Bailes Mascarados a serem importados e incentivados pelas Sociedades Dançantes existentes.

O grande sucesso dos bailes públicos acabaria por incentivar outras formas de diversão, como os passeios ou promenades aos moldes do então já quase extinto carnaval romano. A idéia de se deslocar para os bailes em carruagens abertas seduzia a burguesia, que enxergava aí, uma oportunidade de exibir suas ricas fantasias ao povo e "civilizar" o carnaval de feição 'entruda'. O povo carioca assistia deslumbrado a esses cortejos sem, entretanto, se furtar a saudar com seus limões de cheiro os elegantes mascarados.

Aos poucos essas promenades acabariam por adquirir uma certa independência em relação aos bailes até que, em 1855, um grupo de cidadãos notáveis organizaria aquele que ficou conhecido como o primeiro passeio de uma sociedade carnavalesca por uma cidade brasileira: o desfile o Congresso das Sumidades Carnavalescas.

O sucesso desse evento abriria as portas para o surgimento de dezenas de sociedades carnavalescas que, em poucos anos, já disputariam entre si o exíguo espaço do centro da cidade durante os dias de carnaval.

Entretanto, o fabuloso carnaval proposto pela burguesia não reinaria sozinho nas ruas do Rio de Janeiro. Paralelamente ao movimento de implantação de uma festa civilizada, outras diversões tomavam forma na cidade. O entrudo, com sua alegria desorganizada e espontânea não era a única diversão carnavalesca popular. Muitos grupos negros de Congadas (ou Congos) e Cucumbis aproveitavam-se da relativa liberalidade reinante para conseguir autorização policial para se apresentarem. Além disso, outros grupos, reunindo a população carente de negros libertos e pequenos comerciantes portugueses (mais tarde conhecidos como Zé Pereiras), sentiram-se incentivados a passear pelas ruas.

A mistura desses diferentes grupos acabaria por forçar uma espécie de diálogo entre eles. Em pouco tempo as influências mútuas se fazem notar através da adoção pelo carnaval popular, das fantasias e da organização características da folia burguesa. As sociedades carnavalescas por sua vez, passaram a incorporar boa parte dos ritmos e sonoridades típicos das brincadeiras populares.

Em finais do século XIX, toda essa riqueza do carnaval das ruas do Rio de Janeiro acabaria por incomodar a elite cultural e econômica da cidade que tinha muita dificuldade em entender racionalmente o que estava acontecendo. De acordo com o ideal evolucionista/positivista da época, tornava-se necessária que a festa fosse "organizada" e classificada. Surgem desse modo os conceitos de Grande Carnaval e Pequeno Carnaval como o objetivo de separar a brincadeira de elite (sociedades carnavalescas, bailes mascarados) das diversões populares (chamados genericamentre de grupos, blocos, ranchos ou cordões).

Essa forma de classificação perduraria até os anos 1930, quando o prefeito/interventor do Rio de Janeiro, Pedro Ernesto, oficializaria a festa carioca. A partir daí, os concursos promovidos pelos jornais, os textos jornalísticos publicados na imprensa e as obras dos primeiros folcloristas acabariam por separar as brincadeiras populares em categorias estanques, cada qual com uma história e um formato próprios, tais como blocos, ranchos, cordões, Zé Pereiras, corso e sociedades.

O resultado de tudo isso é que as ruas do Rio de Janeiro veriam surgir toda uma variedade de grupos, representando todos os tipos de interinfluências possíveis. É essa multiplicidade de formas carnavalescas, essa liberdade organizacional dos grupos que faria surgir uma identidade própria ao carnaval carioca. Uma identidade forjada nas ruas, entre diálogos e tensões.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Feijoada do Mengão



O Clube de Regatas do Flamengo decidiu muito sabiamente investir na promoção de sua Feijoada do Mengão, seguindo o exemplo da consagrada mistura de Samba e Feijão. Com todo o respeito aos demais locais, nada se compara com a vista da Lagoa e seu espelho numa tarde de verão.



Família Rubro-Negra unida, rumamos à sede náutica (esporte que originou o glorioso) para um domingo de samba, suor e cerveja !




Flamenguista e Mangueirense que sou, poderia até ser suspeito para comentar a feijoada servida pela Marion e sua equipe... mas o dever profissional me conclama ao desapego. Ocorre que foi elogio comum aos Botafoguenses e Vascaínos presentes, que a feijoada estava impecável ! Carnes nobres, gordura zero e saborosíssima. Sentimos apenas a falta do torresminho e da companhia de uma boa pimenta.



O ambiente é embalado pelo pagode de mesa do Karta Markada, grupo que anima também as Feijoadas da Família Mangueirense, já visitada pelo blog.



Neste domingo quem apareceu fo ia bateria da Mangueira para dar uma palhinha.




João Zona Sul fala sobre seu projeto de levar a Feijoada do Mengão ao mundo:



Karta Markada mandando ver:


Serviço:
Feijoada do Mengão ( todo segundo domingo do mês )
Estádio de Remo da Lagoa
Av.Borges de Medeiros, 997
Tel. 21 7813-3839 / 9792-2935

R$ 35,00 ( entrada + feijoada + camiseta )
R$ 25,00 ( entrada + feijoada )

Um pouco de História...
Gênese no Remo(1895 a 1902)

O Flamengo já nasceu com a garra e o espírito vencedor. A idéia da criação de um grupo organizado de remo surgiu em bate-papos de jovens do bairro no Café Lamas, no Largo do Machado. O objetivo era entrar na disputa com clubes de outros bairros, como o de Botafogo, que já atraíam a atenção das mocinhas da época.
Jovens remadores - José Agostinho Pereira da Cunha, Mário Spindola, Nestor de Barros, Augusto Lopes, José Félix da Cunha Meneses e Felisberto Laport - resolveram comprar um barco. O escolhido foi um já velho, porém adequado às finanças disponíveis. Cotizaram o dinheiro, adquiriram o primeiro patrimônio, que foi nomeado de Pherusa, e fizeram uma reforma completa para utilizá-lo.
No dia 6 de outubro, os jovens, mais Maurício Rodrigues Pereira e Joaquim Bahia, foram dar a primeira volta com o barco. Saíram da Ponta do Caju, na praia de Maria Angu (atual Ramos), de tarde. Mesmo com o tempo ameaçador no céu, Mário Spindola dirigiu rumo à praia do Flamengo. Então, o primeiro grande desafio do grupo surgiu. O forte vento virou a embarcação e os náufragos tiveram que se segurar no que restou da Pherusa.
Na noite de 17 de novembro de1895, no casarão de Nestor de Barros, número 22 da Praia do Flamengo, onde era guardada a Pherusa e depois a Scyra, foi fundado o Grupo de Regatas do Flamengo e, com ele, eleita a sua primeira diretoria. No encontro, foi acordado que a data oficial seria a de 15 de novembro, pois no aniversário do Flamengo sempre seria feriado nacional (Dia da Proclamação da República), e que as cores oficiais seriam azul e ouro, em largas listras horizontais.
A primeira vitória veio no dia 5 de julho de 1898, na I Regata do Campeonato Náutico do Brasil, com Irerê, uma baleeira a dois remos. Nesta época, o Flamengo já reunia seguidores de todas as classes sociais, dos intelectuais, passando pelas famílias tradicionais, até os empregados de comércio, todos torcedores fanáticos do grupo. As mocinhas que caminhavam na praia do Russel acabam sempre no número 22 e a sede do Flamengo ficou conhecida como a "República da Paz e do Amor".
Antes um pouco, em 23 de novembro de 1896, uma das mudanças mais significativas na história do Flamengo. Como as camisas do uniforme, listradas nas cores azul e ouro, eram importadas da Inglaterra e desbotavam com facilidade devido ao sol e ao mar das competições do remo, Nestor de Barros propôs que elas fossem para vermelha e preta. Junto com a mudança das cores e o crescimento do Flamengo, veio a transformação de Grupo em Clube, sugerida pelo poeta e cronista Mário Pederneiras. Estava definitivamente concretizado o amor rubro-negro pelo Clube de Regatas do Flamengo.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Feijoada Nada a Ver

Nem sempre a gente acerta... Fomos atraídos pelo belo mural do restaurante Ao Vivo, misto de bar, restaurante e espaço para evento e considerando o banner da Feijoada pendurado na fachada. O local até é legal, de frente para o Palácio Tiradentes e o chopp é gelado, mas vamos aos fatos:

1. A dita Feijoada faz parte de um buffet que serve diversos pratos, sem nenhuma relevância nem opções das carnes como lombo, costela, paio, etc.

2. Apesar de ser um buffet, vc não pode se servir, contando para isto com uma atendente, e inacreditavelmente não pode escolher a composição do seu próprio gosto.

3. O valor é cobrado pelo prato, portanto, sem direito a retorno ao buffet.

4. O preço individual, multiplicado pelo número de comensais, ultrapassa em muito, a média que costumamos pagar em outros locais.

5. A casa não faz reservas ! Mesmo insistindo.

Assim sendo, caro leitor, optamos por um belo Contra Filé com guarnições que vimos passar na mesa ao lado, e que foi muito bem servido com sobras para 3 pessoas, por quase a metade do que seriam os tais 3 pratos de feijoada.

Fica aqui portanto o nosso recado para a gerência. Feijoada é coisa séria !



Serviço:
Ao Vivo
Rua São José, 8 - esquina com Primeiro de Março
Tel. 21 2533-4838
Centro

R$ 20,00 o prato da Feijoada (sem direito à montá-lo)