sábado, 16 de novembro de 2013

Casamento e Feijoada

Meu amigo Cris é um sujeito bastante animado. Seu casamento teve 3 dias de celebrações.

Para temperar a mistura de mineiros e britânicos que vieram prestigiar a festança no Rio uma feijoada foi planejada na pousada em Santa Teresa para os convidados que sobreviveram ao dia anterior. 

A típica cachaça mineira de alambique esteve muito bem representada, assim como a carne na lata, ambas trazidas pelo primo Fernandinho.

Deliciosamente preparada pela cozinha da Mango Mango, apurada durante horas em enorme caldeirão, chegou com feijão de caldo espesso e muito saboroso, harmonizando 100% com a cachaça envelhecida. A couve crocante, a farofa temperada com bacon e o arroz branco soltinho completaram esplendidamente a farta porção servida. Faltou apenas a laranja.




O casamento foi numa belíssima mansão em Santa Teresa com vista para o Pão de Açúcar e Corcovado.


Muito sucesso aos noivos. Longa vida ao Amor e à Feijoada !





domingo, 10 de novembro de 2013

Torresmo de barriga

Quem me conhece sabe do meu fraco por torresmo. Já até perdi um dente numa destas feijoadas da vida por conta de um infeliz exemplar. Brasileiro que sou não desisto, e aprendi a degustá-lo com moderação a fim de evitar nova idas desnecessárias ao dentista.

Preparado a partir da barriga do porco há muito ouvia comentários e artigos sobre o torresmo do Bar da Portuguesa. Fui então provar esta iguaria servida apenas aos domingos no pacato bairro de Ramos.

Uma enorme amendoeira providencia a sombra na calçada. O botequim impecavelmente limpo e ladrilhado é bem arejado mas o gostoso mesmo é sentar numa mesinha do lado de fora e observar os periquitos.




Dona Donzília, ou Alzira como costumam chamá-la, chegou à nossa terra em 1968 e logo depois abriu o bar que tinha como nome original Copão de Ouro. 

São muitas as delícias servidas generosamente no botequim. Entre um e vários outros torresmos, provamos também o Jiló recheado com Carne Assada, a Fritada de Bacalhau e a Punheta servidos pela Sueli. Felicidade total !

Na nossa opinião o cardápio poderia oferecer opções de meia-porções ou tapas pois saímos com a vontade termos provados mais sabores. Até quentinha levamos !



O bar recebeu em 1969 o encontro do vizinho Pixinguinha e do violonista Baden Powell, registrado pelo músico francês Pierre Barouh no documentário "Saravah" (leia abaixo) que desembarca no Rio de Janeiro disposto a registrar em película momentos de uma música que, embora conhecesse pouco, o fascinava intensamente.


Saravá !
www.youtube.com/watch?v=nPGcQM5nb8M

Serviço:
Bar da Portuguesa
Rua Custódio Nunes, 155 (esquina com Rua João Silva) - Ramos
Tel (21) 2260-8979

Terça a Quinta: 17h às 22h
Sexta: 17h às 23h
Sábado: 10h às 18h
Domingo: 10h às 16h

Sobre o encontro do Samba com a Bossa Nova
Saravah é resultado das sessões de filmagem com Pixinguinha e João da Baiana, então octagenários, os jovens Maria Bethânia - aos 21 anos - e Paulinho da Viola, tendo Baden Powell como elo de ligação entre gerações tão distantes e fundamentais da arte brasileira.

O francês Pierre Barouh, de 71 anos, orgulha-se de ter sido sempre um amador, no bom sentido. 'A gente se encontra com as pessoas e deixa levar', diz. Em Lisboa, em 1959, fez amizade com o sanfoneiro Sivuca, que o apresentou à música popular brasileira. 'O resultado foi que me apaixonei', conta. 

Anos depois, encontrou o cineasta Claude Lelouch e terminou compondo para ele alguns dos temas de Um Homem, Uma Mulher (1966), em parceria com Francis Lai. Com voz suave e cool, Barouh gravou para o filme a versão francesa de 'Samba da Bênção', com acompanhamento do compositor, o violonista Baden Powell (1937-2000). 

O filme de Lelouch divulgou a bossa nova na Europa, por causa do sucesso de uma das canções, 'Sabadabada'. E foi o acaso que trouxe Barouh ao Rio de Janeiro num fevereiro muito quente do ano de 1969. 

'Um amigo me convidou para viajar para o Rio. Vim para filmar 'música brasileira', confiando na amizade de Baden', conta. 'Mas só tinha três dias para produzir tudo.' Filmou o que pôde numa correria só, voltou a Paris e mandou revelar o filme. Intitulou o experimento de Saravah. 

Hoje vivendo em Tóquio, Barouh lançou Saravah em fita cassete há quatro anos no Japão. A versão em DVD saiu há dois. 'Como é o Ano do Brasil na França, aproveitei para lançar o DVD por lá. Foi há quatro meses', diz. 'Agora chegou a vez de os brasileiros descobrirem o trabalho.' 

De fato, assistir a Saravah é como abrir a arca de um tesouro sonoro nunca revelado. De repente, volta à vida Baden Powell, no auge da carreira e do domínio de sua arte, encarregado de levar o francês encantado pelos bares, clubes e quintais do Rio, ao mesmo tempo que acompanhava outros músicos com seu talento incrível. Ele e Barouh arranjaram um encontro entre a cantora Maria Bethânia e o sambista Paulinho da Viola numa mesa de bar em Itaipu, no litoral fluminense, então uma vila de pescadores. Bethânia, aos 21 anos, abriu-se diante da câmera amadora; cantou e contou tudo o que sabia, ao lado de um Paulinho convicto de manter a diferença em relação à moça. 'Temos formação e compromissos diferentes', diz. 'Sou compositor de escola de samba.' 

Bethânia aparece ainda em ensaios na boate Sucata, interpretando 'Baby' e 'Tropicália', canções de seu irmão Caetano, então exilado na Inglaterra. E é acompanhada - em improvável combinação - por Baden e pelo trombonista Raul de Souza. Outra cantora, Márcia, mostra os sambas afros de Baden num clima de total descontração. E há instantes preciosos, como o percussionista João da Bahiana (1887-1974) tocando prato numa tentativa de distinguir macumba de candomblé, e o maestro Pixinguinha (1897-1973) no fundo do quintal de sua casa suburbana, em Jacarepaguá, executando o clássico 'Lamento' ao sax tenor, acompanhado por Baden e João da Bahiana. 'Filmei ensaios. Eles são melhores que shows', ensina Barouh. 

Não se trata de material para cineastas, mas para fãs de MPB, avisa. Ele está eufórico com sua volta ao Brasil. 'Muita coisa mudou, compositores foram favelizados, mas a música brasileira continua fantástica', vibra. 'Isto é a vida!' 

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,,EPT992465-1661,00.html

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Feijoada Grande Otelo

Feijoada Grande Otelo, morô ? A original idéia dos sócios de um botequim no centro da cidade foi oferecer cinema aos frequentadores do bar com seleção de filmes pré-fixada semanalmente. O cardápio de comes e bebes passeia pelos grandes nomes do cinema nacional e internacional, assim como a decoração temática da casa.



Justíssima homenagem portanto ao grande diminuto artista brasileiro, a feijoada Grande Otelo faz parte do cardápio do Cine Botequim toda 6a feira. 

Grande artista de cassinos cariocas e do chamado teatro de revista, Otelo participou de pouco mais de 100 filmes entre os quais as famosas comédias nas décadas de 1940 e 1950, que estrelou em parceria com o cômico Oscarito, e a versão cinematográfica de Macunaíma, realizada em 1969.



A cerveja sempre estupidamente gelada é outra característica do botequim. Servida em cumbuca e acompanhada de guarnição a porção da feijoada pode ser individual ou para 3 pessoas (serve 4). Senti falta apenas da costelinha que sou fã pois as carnes desmanchavam no garfo e o feijão muito bem temperado. Meu companheiro de mesa neste almoço e frequentador assíduo da casa confirmou que tudo aqui servido é sempre muito gostoso. 

E atenção, vale a dica de fazer reserva e cumprir o horário pois às 12h30 a casa já estava lotada nos dois andares e com fila de espera na porta.



Serviço:
Cine Botequim
Rua Conselheiro Saraiva, 39 - Centro
(21) 2253-1414
Segunda à sexta das 11 às 23h 
http://www.cinebotequim.com.br/index.html

R$ 28,90 a feijoada individual
R$ 74,90 a feijoada para 3 pessoas

Sobre o artista
Grande Otelo, pseudônimo de Sebastião Bernardes de Souza Prata (Uberlândia, 18 de outubro de 1915- Paris, 26 de novembro de 1993) foi um ator, comediante, cantor e compositor brasileiro. Grande artista de cassinos cariocas e do chamado teatro de revista, participou de diversos filmes brasileiros de sucesso, entre os quais as famosas comédias nas décadas de 1940 e 1950, que estrelou em parceria com o cômico Oscarito, e a versão cinematográfica de Macunaíma, realizada em 1969.

Sua vida teve várias tragédias. Seu pai morreu esfaqueado e a mãe era alcoólatra. Quando já era um ator consagrado, sua mulher se suicidou logo após matar com veneno seu filho de seis anos de idade, que era enteado do ator.

Grande Otelo vivia em Uberlândia quando conheceu uma companhia de teatro mambembe e foi embora com eles, com o consentimento da diretora do grupo, Abigail Parecis, que o levou para São Paulo. Ele voltou a fugir, foi para o Juizado de Menores, onde foi adotado pela família do político Antonio de Queiroz. Otelo estudou então no Liceu Coração de Jesus até a terceira série ginasial.

Participou na década de 1920 da Companhia Negra de Revistas, que tinha Pixinguinha como maestro.
Foi em 1932 que entrou para a Companhia Jardel Jércolis, um dos pioneiros do teatro de revista. Foi nessa época que ganhou o apelido de Grande Otelo, como ficou conhecido.

No cinema, participou em 1942 do filme It's All True, de Orson Welles. O intérprete e diretor estadunidense considerava Grande Otelo o maior ator brasileiro.

Otelo fez inúmeras parcerias no cinema, sendo a mais conhecida a com Oscarito. Depois os produtores formariam uma nova dupla dele com o cômico paulista Ankito. No final dos anos 50, Grande Otelo apareceria em dupla em vários espetáculos musicais e também no cinema com Vera Regina, uma negra alta com semelhanças com a famosa dançarina americana Josephine Baker. Com o fim da dupla com Vera Regina, Otelo passaria por um período de crise até que voltaria ao sucesso no cinema com sua grande atuação do personagens título de Macunaíma (1969), filme baseadao na obra de Mário de Andrade. Participou também do filme de Werner Herzog, Fitzcarraldo, de 1982, filmado na floresta amazônica.

Teve cinco filhos, um deles o também ator José Prata.

A partir dos anos 1960 Otelo passou a ser contratado da TV Globo, onde atuou em diversas telenovelas de grande sucesso, como Uma Rosa com Amor, entre várias outras. Também trabalhou no humorístico Escolinha do Professor Raimundo, no início dos anos 1990. Seu último trabalho foi uma participação na telenovela Renascer, pouco antes de morrer.

Grande Otelo morreu em 1993 de um ataque do coração fulminante, quando viajava para Paris para uma homenagem que receberia no Festival de Nantes.