terça-feira, 23 de abril de 2019

Feijoada para São Jorge

23 de abril é dia de prece e feijoada. É dia de Santo e de Orixá. São Jorge é Ogum no Rio e Oxóssi na Bahia. Está no vitral e no arranjo de flores (olhe bem na foto). Está na Igreja e no Terreiro. Suas cores vermelho e branco e também o azul. Está nas casas e nas ruas. E na Fé dos devotos que oferecem preces e feijoadas.

Salve Jorge! Abra nossos caminhos e nos proteja de todo mal! São Jorge, rogai por nós!

 
 


A festa para o Santo Guerreiro começa com alvorada e fogos na matriz em Quintino onde cerca de 1 milhão e meio de devotos circularão para agradecer e renovar sua Fé. São várias as missas ao longo do dia e da noite além da procissão com a imagem de São Jorge no meio da tarde.


No seu dia, São Jorge é homenageado pelos devotos com oferenda de feijoadas. Este ano após assistirmos a missa em Quintino fomos convidados a provar da feijoada em um terreiro próximo à igreja na mesma rua. Fomos recebidos com muitos sorrisos de corações abertos e felizes. Tudo para homenagear Ogum.

A feijoada foi preparada pela Roberta e Angela e servida com muito carinho por todos os filhos do terreiro Ilê Asé Ofá Omin.


 

O sincretismo surgiu da necessidade de adaptação dos cultos dos escravos africanos à imposição da prática do catolicismo no Brasil Colônia.

Ogum é considerado o principal orixá a descer do Orun, o céu do Candomblé, para o Aiye, a Terra, após a criação, constituindo com isso a futura vida humana. É o guerreiro e protetor, com trajetória intimamente ligada à sobrevivência.

São Jorge é o santo militar. Nascido na Capadócia, região de Anatólia que hoje faz parte da Turquia, cedo se mudou para a Palestina, onde se forjou guerreiro. Acabou degolado por se voltar à fé cristã e a sua lenda se espalhou mundo afora.

O encontro dos dois mitos, na cidade do Rio de Janeiro, é um dos mais importantes e significativos fatos oriundos da miscigenação, da constituição de um novo povo, que se traduz em sua fé e capacidade de existir e resistir, conforme relata o jornalista Julinho Bittencourt.

 

Diferentemente de Salvador da Bahia onde a cultura afro está totalmente integrada no dia a dia da cidade, o carioca ainda guarda desconfiança do Candomblé por desconhecimento de suas raízes e práticas. 

Tudo começa pelo Respeito.

"Se vou na igreja festejar meu protetor
E agradecer por eu ser mais um vencedor
Nas lutas nas batalhas
Se vou no terreiro pra bater o meu tambor
Bato cabeça firmo ponto sim senhor
Eu canto pra Ogum" 


Ogum de Zeca Pagodinho e Jorge Ben Jor




"Eu estou vestido
com as roupas
e as armas de Jorge
para que meu inimigos
tenham pés e não me alcancem
para que meus inimigos
tenham mãos e não me toquem
para que meus inimigos
tenham olhos e não me vejam
e nem mesmo pensamento
eles possam ter
para me fazerem mal
armas de fogo
meu corpo não alcançarão
facas e espadas se quebrem
sem o meu corpo tocar
cordas e correntes se arrebentem
sem o meu corpo amarrar
pois eu estou vestido
com as roupas e as armas de Jorge
Jorge é de Capadócia
Salve Jorge !"

Fonte:
https://www.revistaforum.com.br/hoje-e-dia-de-sao-jorge-e-ogum-dia-de-protecao-e-resistencia/

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