sábado, 21 de maio de 2011

Boteco du Carvalho

Outro dia, outra feijoada concorrendo ao prêmio. Uma rua tranquila, um casarão, uma varanda e a sombra do carvalho dão o toque do ambiente agradável para nossa degustação. Caipirinhas a postos, eis que chega um caldeirão fumegante repleto de feijão e carnes, acompanhados de arroz branco, farofa, couve, torresmo e laranja. A porção é generosa e serve 3 facilmente, porém neste sábado o cozinheiro estava de folga e faltou aquele tempero com gostinho de quero mais. A casa tem uma boa agenda de eventos diariamente que variam do stand up comedy à roda de samba, passando pelo jazz e outros ritmos.

Dica do blog: muita calma no torresmo, é de quebrar o dente... literalmente !





Serviço:
Boteco du Carvalho
Rua Visconde de Caravelas, 22 - Botafogo
Tel 21 3586-2223
http://www.botecoducarvalho.com.br/

R$ 36,90 a feijoada para 2 (serve 3)




Reza a lenda que em 1878, o terceiro Visconde de Caravelas, senador do Primeiro Senado Imperial, já morava aqui pelas bandas de Botafogo graças à chegada dos bondes. Visconde era um sujeito influente, mas simples e gente boa que só vendo. Tratava todo mundo com muito respeito e acima de tudo, bom humor. Nascido aqui não era, mas carioca aprendeu a ser. Tinha a graça e o humor inteligente que a gente só acha por aqui, em resumo: zoação e alegria na corte de D.Pedro. Na casa do Visconde trabalhava um moleque safo, sagaz e malandro, chamado Carvalho, que tinha o Visconde como ídolo. Ele queria crescer e ser daquele jeito, amigo do Rei, mas parceiro da galera, malandro-cabeça.

Mas fato é que já bem coroa nessa época o Visconde adoece e em seu leito de morte, acometido de dor e sofrimento, dá como último suspiro uma imensa gargalhada de alegria e profetiza: “ Eu vejo uma casa, onde haverá um Boteco... E será du Carvalho!!!”

Com a morte do Visconde, o moleque vai correr atrás de trabalho e faz de tudo pelo Rio. Roda e conhece muita gente, vê o Rio crescer, trabalha nas cozinhas das Chácaras da Zona sul aos Botecos da Zona norte, e cresce na Lapa, vê sair a água e chegarem os bondes em cima dos Arcos, vê o império morrer, vê o samba nascer. Conhece e é conhecido por todo mundo. Conhecido pelo jeito “boa praça”, pela competência, pela simpatia e pela malandragem. Cai na boca do povo e vira sinônimo de coisa boa: Fulaninho é do Carvalho!!! Aquilo é bom pra Carvalho!!!

Segue o Bonde! Ou melhor os Bondes, passa o tempo e, anos depois, dois joalheiros italianos, os irmãos Farani, camaradas do Imperador, abrem oito ruas em Botafogo - uma delas a “Visconde de Caravelas”. E moleque agora barbado e já curtido, malandro que só, consegue a empreitada da obra e como pagamento recebe justamente a casa de número 22. Perfeito!!! Pensou ele: “Não sou louco, mas o número 22 é perfeito. Disseram que meu grande e velho Visconde morreu louco, rindo às gargalhadas, mas ele estava apenas profetizando o que hoje consegui realizar.

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