sábado, 27 de agosto de 2011

Solar Wilson Moreira

Essa dica foi da Eugenia do site Samba-Choro: Feijoada de inauguração do Centro Cultural Solar Wilson Moreira. Leia no final o histórico do compositor e trechos de uma entrevista.



Uma rua bucólica onde o homenageado morou boa parte da sua vida esconde casarios e vilas de outros tempos e hábitos do interior.




Chegamos cedo, na hora marcada e preferimos a mesa da calçada, mas sabe como é dia de inauguração, os últimos preparos para tudo ficar tinindo e sempre atrasa. Pouco a pouco os músicos foram aparecendo, e a cerveja gelada também, mas só fiquei tranquilo quando soube que ia mesmo rolar a feijoada que chegou sem couve nem torresmo. Só arroz, feijão e farofa acompanhando as carnes gordas e magras. Simples e saborosa, assim como o samba de Wilson Moreira.




O Centro Cultural era o sonho da Angela. Bom sonhar né ? melhor ainda ver o sonho realizado ! Para inaguração muitos convidados, Paulão 7 Cordas no comando da roda e Agenor de Oliveira puxando os sambas. Tudo indica que ali será ponto de encontro da Enciclopédia do Samba, palco de muita gente boa.





E quando o mestre chega a festa começa de verdade, tudo filmado por Germano Fher para virar documentário merecido.



Serviço:
Centro Cultural Solar Wilson Moreira
Rua Barão de Ubá, 46 - Praça da Bandeira
Tel. 21 3241-7300

R$ 10, a feijoada empratada

Um pouco de história...
Wilson Moreira é um mestre. Sua família, povo do jongo e caxambu, o iniciou no melhor de nossa arte negra. Começou nas escolas de samba de Realengo onde morava. Foi tocar tamborim na Água Branca, que se fundiu posteriormente à Mocidade Independente de Padre Miguel. Já mostrava seu talento artístico, tocava percussão, era passista e fazia suas primeiras composições. Em 1956, Leny Andrade gravou sua primeira música, Antes Assim.

Em 1962 e 63 ganhou os sambas-enredo da escola. Começou a participar de grupos como Os Cinco Só (com Zuzuca, Zito, Jair do Cavaquinho e Velha), que depois mudou de nome para Turma do Ganzá. Com grupo Partido em 5, grava um LP de mesmo nome. Dividia o espaço com bambas como Candeia, Casquinha, Velha e Joãozinho da Pecadora. O disco fez muito sucesso na época. Vendeu tanto que não só gerou duas continuações, como foi motivação suficiente para que o Wilson largasse sua profissão de carcereiro (sic) e se tornasse músico profissional.

A carreira de Wilson começa a deslanchar. Grava os volumes seguintes dos discos Partido em 5 e duas de suas parcerias com Candeia fazem sucesso. Mel e Mamão com Açúcar e Não Tem Veneno, esta última levava a quadra de sua nova escola, a Portela, à loucura quando interpretada.

Quando o Nei Lopes procurava um parceiro para letrar as melodias, o Delcio Carvalho falou para ele: "Vem cá que vou te apresentar um sujeito que põe música até em bula de remédio". Formava-se então uma das mais geniais duplas da história da música brasileira. Se você gosta de samba, conhece algumas de suas músicas. Como Coisa da Antiga ("Na tina, que vovó lavou/a roupa que mamãe vestiu quando foi batizada"), grande sucesso de Clara Nunes. Goiabada Cascão em Caixa ("Goiabada Cascão em caixa/É coisa fina, sinhá/que ninguém mais acha"), sucesso na voz de Beth Carvalho. A lindíssima Gostoso Veneno ("Esse amor me envenena/mas todo amor sempre vale a pena/desfalecer de prazer/morrer de dor/tanto faz, eu quero mais amor"), gravada por Alcione e que outro dia virou até trilha de novela global. Senhora Liberdade ("Abre as asas sobre mim, ó Senhora Liberdade/ eu fui condenado sem merecimento/por um sentimento/por uma paixão") que virou hino na campanha das diretas e nos comícios do Lula em 89. Parafraseando o Monarco, se for falar dos sucessos do Wilson, hoje não vou terminar.

A dupla gravou dois discos fundamentais de samba, "A Arte Negra de Wilson Moreira e Nei Lopes" e "O Partido muito Alto de Wilson Moreira e Nei Lopes". A última vez que os discos foram editados saíram na série de coletâneas Raízes do Samba.

No final dos anos oitenta, a dupla se desfez em discos. Ambos lançaram discos solo que tinham músicas da dupla, mas também contavam com outros parceiros. Wilson fez dois discos especialmente para o mercado japonês produzidos pelo Tanaka, "Peso na Balança" e "Okolofé". Estes discos contavam com a nata dos instrumentistas brasileiros. Em 97 acontece um acidente, Wilson sofre um derrame. O mundo do samba se une em show para ajudar seu tratamento. Apesar da fraca divulgação na mídia (claro que teve uma forte divulgação na nossa então incipiente Agenda), o show lotou o Teatro João Caetano no Rio de Janeiro. Mais de 1.000 pessoas aplaudiram extasiadas Paulinho da Viola, Dona Ivone Lara, Nei Lopes, Zeca Pagodinho, Zé Ketti, Nelson Sargento e muitos, muitos outros homenagearem o bamba. Meses depois, ao falar do show, Wilson afirma: "Vencemos a mídia".

Fonte:
http://www.samba-choro.com.br/artistas/wilsonmoreira



Trecho editado de uma entrevista do compositor
Eduardo Goldenber (EG): Você tem lembrança do teu primeiro contato com música?

Wilson Moreira (WM): Olha, rapaz... Meu primeiro contato com música? Eu sei dizer que o meu avô – minha mãe contava – , eu não conheci os meus avós, não... Minha mãe contava que eles eram sanfoneiros, jogavam caxambu, gostavam de dançar jongo... O jongo é uma coisa muito mística, uma coisa muito séria. É uma coisa religiosa. Esse jongo que eu faço é um jongo festivo, é um jongo que todo mundo pode cantar e brincar à vontade, sem abusar, né? E você sabe que eu tinha um tio, meus primos lá de Paraíba do Sul e Avelar, que tocavam sanfona de oito baixos e a origem deve estar vindo daí, né? Eu tive influência dessas coisas todas. Que quando eu era moleque novo eu ouvia muito rádio, Rádio Tupi, Rádio Mayrink Veiga, Rádio Mauá, tinha muito programa de rádio. Heber de Bôscoli, Iara Sales, Lamartine Babo... Houve um tempo em que eu até cheguei a ir, rapaz, no início da minha carreira, à Rádio Mayrink Veiga assistir a um musical e ali eu vi o Heber de Bôscoli, a Iara Sales, o Lamartine Babo...

Rodrigo Ferrari (RF): Quem foi teu primeiro parceiro? Ou a primeira mesmo você fez sozinho?

WM: Eu fiz sozinho. Fiz sozinho. Agora, o meu primeiro parceiro mesmo foi um camarada que tinha lá em Padre Miguel, chamado Ivan Pereira, que tinha o apelido de Da Volta. É um cara que comigo começou tudo. Eu e ele, naquela luta na Mocidade Independente... Depois eu vou contar como é que eu fui pra Mocidade Independente. Aí ele conversou comigo e sugeriu: “Ô, Wilson, vamos fazer um samba juntos?”. “Vamos!”. “É que você já me mostrou um negócio aí e eu tenho um negócio que eu gostaria de te mostrar, eu sei que você gosta de cantar...”. E eu gostava mesmo! Minha irmã foi cantora, foi caloura, né?

Simas (S): Wilson, você foi fundador da Mocidade?

WM: Eu fui um dos fundadores, me considero um dos fundadores, porque tinha uma escola de samba em Realengo, nos anos 50, chamada Unidos da Água Branca. Onde começou tudo.Eu tocava tamborim e ficava ali, né?, assistindo os ensaios e tocando tamborim. Aí... Veja só... Um dia, já próximo ao carnaval, chegou lá um diretor da Mocidade Independente... A Mocidade era uma escola que desfilava no bairro, em Padre Miguel, Bangu e Realengo. Aí eles se inscreveram na associação das escolas de samba e foram desfilar na Praça Onze no carnaval. Daí chega um diretor um dia, nós estávamos numa brincadeira, fazendo um ensaio. Terminou o ensaio a gente ficou ali batendo papo, né? E eu sempre participando do papo junto com a rapaziada. Aí chegou um diretor da Mocidade, um relações públicas, assim: “Boa noite! Boa noite, gente! A Unidos da Água Branca vai desfilar no carnaval? Aonde?”. “A gente desfila em Realengo mesmo..., no ponto central do bairro, né?, no desfile principal.”. Aí ele falou: “Não interessa a vocês desfilar com a gente no carnaval lá na Praça Onze?”. “Vamos ver, né?”... O presidente nosso, era o Tião... A gente chamava ele de Tião Presidente porque ele andava com um bracelete, uma faixa aqui no braço escrito “PRESIDENTE” (ri muito) O Tião era uma figura! Andava pra lá e pra cá com aquilo... “PRESIDENTE”. Aí o presidente conversou com o Renato – Renato era irmão do Mestre André, né? Ele era relações públicas da Mocidade – e o Renato disse “Olha, a Mocidade vai desfilar pela primeira vez na Praça Onze. Então a gente tá querendo conteúdo, tá querendo gente, e como vocês são verde e branco igual a nós...”.

EG: Você tem um processo pra compor? Como é essa história de estar na tua mente, Wilson?

WM: Você sabe o que é? É vivência, né? Você conhece a “Canção de Carreiro?”

S: Belíssima!

WM: Aquilo ali, eu vivi! (cantando) “O som das rodas daquela carroça / Faz lembrar os tempos que eu vivi na roça / Esse cheiro de fumaça / É fogão de lenha de alguém cozinhando / O ranger das rodas / Vão me acompanhando...”. Sabe... (emociona-se) Eu morei num lugar lá em Realengo que tinha uma porteira, que tinha carroça ainda, e tinha vacaria, e tinha boi mugindo... (imita o som dos bois) Eu vendi muito estrume, rapaz! Era encomendado! Estrume de vaca para adubo de horta! De cavalo não gostavam muito, não! Mas de vaca? Aquelas patacas, grandonas! Eu apanhava aquilo, botava numa lata, uma porção, rapaz! Tinha espalhado pelo meio do mato. Eu botava numa lata e vendia. Então eu passava aquilo. Quando um belo dia eu tô compondo durante uma viagem lá pra Paraíba do Sul, eu, minha mãe e meus irmãos. Eu olhei, rapaz... Aquilo era bonito! Eu lembrei de tudo, rapaz! Aí comecei assim... (cantando) “O som das rodas daquela carroça...” Veio tudo na mente! (continua) “Faz lembrar os tempos / Que eu vivi na roça / Esse cheiro de fumaça...” Quando você vai pra roça você sente o cheiro de fumaça de comida no fogão de lenha (rindo)... Eu participei com música no Prêmio VISA... Foi muito bem aplaudida... Modéstia à parte... Sabe quem gosta muito mesmo dessa música? O Adelzon Alves! O Zeca Pagodinho não gravou essa música mas canta em show. Uma vez eu fui assistir a um show dele lá no Metropolitan e ele falou no show: “Vou cantar uma música inédita aqui, que não tá no meu disco mas que eu gosto muito da música e do compositor, meu parceiro, Wilson Moreira!”. Aí o pessoal levantou pra me aplaudir. Que beleza! (rindo) Aí ele começou... cantou tudo, rapaz! O Zeca é maluco!

RF: Conta a história do “Senhora Liberdade”, Wilson!

WM: Eu trabalhava no presídio... O Nei, muito esperto... Fez a letra toda e eu musiquei. O Nei é muito esperto...

RF: Mas ele fez pensando nessa história de você trabalhar no DESIPE?

WM: Exatamente. 35 anos lá... Aposentei lá, em 92.

EG: Wilson, conta de novo a história que você contou no intervalo, durante a sopa, daquele camarada que pagou teu chope...

WM: Pois é, rapaz... Eu tava bebendo ali na Praça Onze, chope na rua, um bom chope, na época eu podia tomar um bom chope, um shcnitt... (gargalhando) Aí veio um cara e pagou o chope! Pagou e deixou outros pagos. Aí a Ângela, minha companheira, foi correndo: “Por favor, chega aqui! Você pagou aqui por que?”. E ele: “Paguei porque esse homem aí merece! Eu quando tava guardado lá em Bangu ele sempre me tratou bem, com o maior respeito, é um homem que merece respeito, nunca fez mal a ninguém lá!”. Aí ela: “Tava guardado?”. E ele: “É. Eu tava preso!”.

EG: Como é que você gostaria de ser lembrado daqui a 50, 60, 70 anos?

WM: Eu vou durar 200 anos, pô! (gargalhando) Olha, rapaz... Eu tenho tanta coisa que eu fiz aí na música, e tem tanta gente que eu gosto... E essa juventude que gosta de mim... (se emociona) É um carinho danado, rapaz... Eu fico até... “Que é que eu vou fazer pra essa rapaziada?” (cantando)

Fonte:
http://butecodoedu.blogspot.com/2006/10/entrevista-wilson-moreira.html

sábado, 20 de agosto de 2011

Aquarela

O blog foi convidado para degustar a feijoada 5 estrelas servida todo sábado no restaurante Aquarela do Hotel Intercontinental Rio, em frente à praia de São Conrado.



Logo depois de instalado fiz o reconhecimento do buffet de frios, saladas e queijos, passei pelos caldeirões do feijão e carnes selecionadas e fui direto à estação de frituras, no fim do salão, onde são preparados à minuta pasteizinhos de carne e catupiry, banana empanada, mandioca e a couve mineira, tudo bem na sua frente e direto para o prato, uma delícia que faz o diferencial. Provei do caldinho de feijão mas achei um pouco ralo. Já o torresminho e costelinha merecem ser revisitados muitas vezes antes de passar para a feijoada propriamente dita.




Escolhi um delicioso feijão tropeiro para acompanhar as carnes, a couve, a laranja e a banana empanada. Não sei bem ao certo se é para agradar aos hóspedes internacionais mas achei as carnes insossas para o meu paladar. A Sueli, gerente do restaurante, e sempre atenta à seleta clientela do hotel, trouxe o Chef Edmilson à mesa para ouvir nossos comentários, quando detalhou todo o processo de preparo e fervura das carnes.




Quem tá na chuva é pra se molhar, e de olho nos doces brasileiros do buffet, resolvi fazer um pout-pourri para degustá-los e foi então que o bicho pegou. Tão saborosos quanto bem apresentados, as guloseimas são a verdadeira perdição do buffet. Brigadeiros e maria-mole com gosto de casa, quindins sem excesso de açúcar, toucinho do céu que leva ao infinito das galáxias e uma cocada de colher para comer rezando ! Então meu amigo, sem cerimônia, disfarça e coloca ao menos uma destas num guardanapo de papel e saia discretamente e sem culpa do restaurante. Caso contrário, quando for à noitinha e vc já tiver digerido a feijoada, vai chorar suas mágoas de arrependimento...

Agradeço à Sheilla Cruz pelo convite.




Serviço:
Restaurante Aquarela
Hotel Intercontinental Rio
Avenida Aquarela do Brasil, 75 - São Conrado
Tel. 21 3323-2200
http://www.ichotelsgroup.com/h/d/6c/220/pt/hd/rioha

R$ 68, por pessoa com direito ao buffet completo com sobremesas e uma caipirinha

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Viver ou juntar dinheiro?

Que tal uma feijoada ? leia o texto de Max Gehringer e decida vc também !

Há determinadas mensagens que, de tão interessante, não precisam nem sequer de comentários. Como esta que recebi recentemente. Li em uma revista um artigo no qual jovens executivos davam receitas simples e práticas para qualquer um ficar rico. Aprendi, por exemplo, que se tivesse simplesmente deixado de tomar um cafezinho por dia, nos últimos quarenta anos, teria economizado 30mil reais. Se tivesse deixado de comer uma pizza por mês, 12 mil reais. E assim por diante. Impressionado, peguei um papel e comecei a fazer contas.

Para minha surpresa, descobri que hoje poderia estar milionário. Bastaria não ter tomado as caipirinhas que tomei, não ter feito muitas viagens que fiz, não ter comprado algumas das roupas caras que comprei. Principalmente, não ter desperdiçado meu dinheiro em itens supérfluos e descartáveis. Ao concluir os cálculos, percebi que hoje poderia ter quase 500 mil reais na minha conta bancária.

É claro que não tenho este dinheiro. Mas, se tivesse, sabe o que este dinheiro me permitiria fazer? Viajar, comprar roupas caras, me esbaldar em itens supérfluos e descartáveis, comer todas as pizzas que quisesse e tomar cafezinhos à vontade.

Por isso, me sinto muito feliz em ser pobre. Gastei meu dinheiro por prazer e com prazer. E recomendo aos jovens e brilhantes executivos que façam a mesma coisa que fiz. Caso contrário, chegarão aos 61 anos com uma montanha de dinheiro, mas sem ter vivido a vida.

"Não eduque seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz. Assim ele saberá o VALOR das coisas e não o seu PREÇO"

Que tal um cafezinho?