sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

De papo pro ar

No carnaval cumpri meu compromisso com as irmãs Carmelitas na 6a feira e no dia seguinte fugi para passar férias com meus filhos na Paraíba.

Um passeio de canoa pelo rio pode lhe conectar a paraísos perdidos e a promessa de um almoço numa caiçara de pescador no retorno era tentadora. A dica foi do meu amigo irmão Ari que nos acompanhou nesta jornada de João Pessoa até à Baía da Traição no litoral norte do estado.

Foi então remando que saimos de Camurupim e bem lentamente, apreciando a paisaem, chegamos à Coqueirinho do Norte, uma praia situada em área de demarcação indígena no litoral paraibano. Até pouco tempo nem energia chegava por lá. Até agora poucos conhecem o caminho e desfrutam desta maravilhosa praia protegida por arrecifes e ladeada pelo manguezal do rio Mamanguape. Área de preservação do Projeto Peixe Boi.



Caminhada na praia, um mergulho no mar, outros no rio e voltamos de canoa para o almoço. No cardápio galinha à cabidela (molho pardo), peixe fresco e aratu, um crustáceo vermelho incomum que se cria nos mangues vizinhos. Tudo acompanhado de um delicioso feijão verde, arroz branco, pirão e salada. Pimenta pra temperar, suco de cajá pra refrescar e uma redinha pra descansar.

Na companhia dos meus filhotes eu não quero outra vida...





"Eu não quero outra vida
Pescando no rio de Jereré
Tenho peixe bom
Tem siri patola
Que dá com o pé

Quando no terreiro
Faz noite de luar
E vem a saudade me atormentar
Eu me vingo dela
Tocando viola de papo pro ar

Se compro na feira
Feijão, rapadura
Pra que trabalhar
Sou filho do homem
E o homem não deve
Se apoquentar"

De papo pro ar, Joubert de Carvalho




Serviço:
Bar do Tingo - Camurupim
Baía da Traição, PB
Tel 83 3625-9099 Tingo e Sandra (ligue e reserve sua refeição)


Sobre o autor da canção "De papo pro ar"

Nascido no Triângulo Mineiro, era um dos treze filhos do fazendeiro Tobias de Carvalho e de dona Francisca Gontijo de Carvalho.Tinha nove anos quando o pai comprou um piano, onde Joubert passou a tocar, de ouvido, os dobrados que ouvia na banda local. Aos doze, tendo terminado o curso primário em Uberaba, Joubert mudou-se com a família para São Paulo, por conta da preocupação do pai com a educação e formação dos filhos, que foram estudar no Ginásio São Bento.

A primeira composição de Joubert, a valsa Cruz Vermelha, foi inspirada no hospital infantil do mesmo nome, que havia em São Paulo, e cujas primeiras notas haviam sido tiradas no piano da infância.O pai permitiu a Joubert que vendesse as partituras, desde que o dinheiro revertesse em benefício do Hospital Cruz Vermelha. O relativo sucesso alcançado pela música animou Joubert a compor outras peças, que entregava à Casa Editora Compassi & Camin, com autorização de seu pai, desde que o pagamento se resumisse a alguns exemplares para Joubert distribuir aos amigos.Durante o curso ginasial Joubert foi se familiarizando com os clássicos, na casa de uma tia pianista.

Em 1919 Joubert foi para o Rio de Janeiro, onde o ensino era de melhor nível e, em 1920, entrou para a Faculdade de Medicina. Com uma mesada de 500 mil réis, Joubert continuava a compor e, durante uma de suas visitas a São Paulo, o editor fez novos pedidos, com a oferta de 600 mil réis mensais. Como o filho havia obtido êxito nos exames, o velho Tobias não só se rendeu, como manteve a mesada, propiciando ao jovem Joubert uma vida de estudante rico, que podia até mesmo morar em hotel.

Nessa época, influenciado por ritmos estrangeiros, Joubert compôs diversos tangos, como Cinco de Janeiro, dedicado ao sanitarista Oswaldo Cruz. Sua primeira composição gravada foi a canção Noivos, lançada em 1921. Mas seu primeiro grande sucesso viria em 1922 com O Príncipe, composta por inspiração da chuva e que seria sua primeira composição gravada no exterior, em 1931. No ano seguinte, 1923, compôs o tango Lindos olhos. "De papo pro á" foi lançado, com sucesso, por Formenti, em 1931, e revivido por Inezita Barroso, em seu LP Canto da Saudade.

Joubert de Carvalho nunca bebeu, nunca foi boêmio; bares e botequins jamais o atraíram. Homem culto e refinado, chegou também a escrever um romance: Espírito e Sexo, que se aproxima do ensaio social. Como médico, também foi muito talentoso e um dos pioneiros no Brasil em Medicina Psicossomática. Autor de mais de setecentas composições editadas, no final da vida, Joubert se afastou do mundo musical, pois os novos estilos surgidos deixaram pouco espaço ao romantismo do seresteiro que, de certa forma, ele foi. Joubert de Carvalho morreu no dia 20 de setembro de 1977, vítima de pneumonia, deixando importante legado para a música popular brasileira.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Joubert_de_Carvalho

sábado, 18 de fevereiro de 2012

35 anos de Feijoada do Amaral

Aquele sábado começou cedo. Às 07:30 já estávamos concentrando no Céu na Terra em Santa Teresa. O bloco estava ótimo, mas quando ele chegou no Gomes aproveitamos para ir para casa comer alguma coisa e descansar para a Feijoada do Amaral, pois nesta altura já sabíamos que, entre outras atrações, lá estaria o Quinteto de Ramos e o Cacique de Ramos, o grande homenageado deste Carnaval.



Tudo começou na quinta-feira antes do Carnaval quando recebo uma ligação de meu amigo e sócio André Paranhos dizendo:

- Cara, vou viajar no Carnaval, você quer ir à Feijoada do Amaral? Consegui duas cortesias.

Nem foi preciso pensar, num arco reflexo respondi imediatamente:

- CLARO!

Desliguei o telefone e pensei que a feijoada seria na mesma tarde do Bloco Sassaricando, suspirei resignadamente e pensei que primeiro vem o trabalho, depois a diversão...

No sábado de Carnaval, já de posse dos convites e vestidos com os abadás, rumamos para o Jockey Club Brasileiro. Chegamos cedo e, como ainda não tinham liberado a entrada, aproveitei para olhar como estava a organização da parte externa do evento: bem sinalizado, funcionários atenciosos, mas a entrada pouco produzida para um local que estava recebendo os Bailes do Rio.


Ao entrar no local no evento, exploramos o ambiente para escolher o melhor lugar para nos sentarmos. A feijoada estava sendo servida em dois buffets, um logo na entrada no prédio e o outro no salão. Os bares estava estrategicamente distribuídos próximos aos buffets.


Logo percebi que existiam poucas mesas para um evento daquele porte, por isso escolhemos uma mesa próxima aos dois locais mais importantes naquele momento: buffet de feijoada e bar.


Estava sentado, quando vi um casal procurando por uma mesa, convidei eles para sentarem conosco. Sem dúvida foi a iniciativa mais acertada daquele dia. :)

Junto com Vera e Fernando e ao lado do bar, com Devassa e Caipirinha liberada, a tarde ficou muito mais divertida. Especialmente se considerarmos que, por motivos diferentes, nós quatro estávamos lá sem desembolsar um tostão para entrar.


Enquanto degustávamos a Feijoada, encontramos o Fábio, nosso parceiro de copo no Bar do Mineiro, que ao nos ver disse:

- Pô... Vocês estão podendo, hein?
- Que é isso! Somos apenas bem relacionados!

Ele, que é fotógrafo, também estava a trabalho e tirou a foto mais profissional deste post, quiçá do blog inteiro! :)

A forma com que a Feijoada foi servida permitia que os presentes customizassem o seu prato, com os itens e adereços de sua preferência, além de não formar grandes filas. Quanto ao sabor, só posso dizer que não é atoa que são TRINTA E CINCO ANOS de Feijoada do Amaral.
  • Feijão, caldo e carnes: um luxo!
  • Torresmo: sequinho e crocante
  • Couve refogada: fresquinha, mas um pouquinho mais amarga do que meu gosto
  • Farofa e Arroz: estavam lá cumprindo o seu papel de coadjuvantes
  • Laranja: docinha
  • Pimenta: era de verdade e não aqueles molhos industrializados!
Senti falta de uma batidinha de limão, mas me consolei tomando uma caipirinha e ficou tudo bem.


Se não tive a oportunidade de falar pessoalmente com o Chef Tião ou com a Chef Karla, tive o prazer de conversar com Haroldo Costa que, entre uma foto e outra, tentava comer a sua Feijoada.


Depois de comer e beber, fomos sambar e beber... A partir daqui os registros começam a ficar mais escassos a medida que as caipirinhas abundam...


Resumo da Ópera:

A Feijoada em si estava maravilhosa, mas o local não tinha mesas suficientes para todos, por isso muita gente comeu em pé com o prato na mão ou apoiado nos balcões.

Os show também foram ótimos, especialmente a apresentação do Cacique de Ramos, só que o chão junto ao palco pareci que tinha cola. Acho que esqueceram de passar talco no salão ou é uma técnica para evitar a queda de bêbados.

Sou suspeito para falar, mas respondendo a todos que me perguntaram se valia R$ 550,00, eu digo que se for só pela Feijoada com bar liberado é claro que não, mas se for para aproveitar os shows em um ambiente super legal vale sim.

Nosso muito obrigado à Devassa pelo generoso convite ! Se depender de nós, ano que vem estaremos juntos e misturados novamente !


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Feijoada Sem Nome

6a feira é dia de feijoada na maior parte dos restaurantes do Rio. Também é dia de labuta. Desde o início deste ano trabalho na Barra, um bairro um tanto quanto afastado da zona sul da cidade onde moro. Não posso dizer que o trajeto é tão ruim assim pois a paisagem da orla me acompanha em boa parte.


Costumo dizer que Carioca é um povo trabalhador de verdade. Imagine um dia destes de verão no Rio. Vc tem que levantar para encarar o batente, se arruma todo, sai de casa e encontra no elevador a sua vizinha toda prontinha, para a praia. Vc então sorri, pensa na possibilidade de matar o trabalho e segue firme em direção ao ponto do ônibus.

No caminho percebe os turistas, as crianças e os estudantes em férias carregando pranchas e outros apetrechos para a praia, ali do lado da sua casa, tipo 5 min a pé. Vc persiste e entra no ônibus, na sua maioria sem ar condicionado e ruma ao escritório. Céu azul, areia dourada e mar transparente passam pelo seu caminho.

A encosta da Pedra da Gávea se colore com as asas deltas, bandos de gaivotas fazem razantes em busca do alimento do dia próximo às traineiras de pescadores. Ciclistas, corredores, patinadoras e skatistas disputam o espaço na ciclovia. E vc ali, dentro do coletivo, observando aquele cenário paradisíaco pensa apenas que chegará o seu dia também, afinal, amanhã é sábado !

Com todo respeito aos meus amigos paulistanos, dá pra comparar o seu trajeto ao trabalho com o do cidadão da Cidade Maravilhosa ? Qualquer morador do Rio sabe exatamente o que acabo de descrever, seja carioca da gema ou por adoção, todos passamos pela tentação diária de vivermos à beira-mar.

E damos graças a Deus por isto !


Acima o Morro Dois Irmãos e praia de São Conrado de um lado, e do outro o Clube Costa Brava no Joá, vistos do elevado.

Abaixo a entrada da Barra com o canal de acesso ao Quebra Mar emoldurados pela Pedra da Gávea. Um local para poucos e privilegiados moradores.



A Barra é o mais próximo de Miami que o urbanista conseguiu desenhar. Grandes e largas avenidas e muitos, muitos shoppings. O Downtown é um dos mais simpáticos, construído como se fosse uma pequena cidade com prédios de 3 andares dando a impressão de estarmos numa rua de verdade.

Escolhemos um restaurante curioso, sem placa, sem aviso, sem nome. O gerente nos conta rapidamente que ali funcionou uma franquia conhecida da cidade e que no momento aguardam a finalização da papelada para o novo negócio. Ele afirma inclusive que já tem o nome, mas é segredo, portanto, eis a feijoada do Sem Nome.

Famintos que estávamos ficamos mesmo numa mesa na calçada ao invés da espera pelo ar condicionado do lado de dentro.



O amigo leitor do blog talvez reconheça a tigela que ainda chega fervendo à mesa e acompanhada de uma conchinha para o serviço ? Apesar de sentir falta de carnes mais variadas, logo se percebe que nada mudou no tempero, na escolha de carnes magras e desossadas, na deliciosa pimenta e nos demais acompanhantes do prato. Sem nome talvez, mas com receita de sucesso, esta feijoada é servida diariamente à massa de funcionários dos escritórios vizinhos.

Esta foi a segunda feijoada com a galera do novo trabalho, e desta vez consegui manter a receita original de degustar apenas um prato. Aliás, éramos 5 e pedimos 3 feijoadas individuais. Ao que tudo indica saimos todos satisfeitos e dispostos a retornar à labuta.



Serviço:
Feijoada Sem Nome
Avenida das Américas, 500 - bloco 22 - loja 107
Shopping Downtown
Tel: 21 2492-2995

R$ 19,90 a feijoada individual


Semana que vem começa tudo de novo !