No carnaval cumpri meu compromisso com as irmãs Carmelitas na 6a feira e no dia seguinte fugi para passar férias com meus filhos na Paraíba.
Um passeio de canoa pelo rio pode lhe conectar a paraísos perdidos e a promessa de um almoço numa caiçara de pescador no retorno era tentadora. A dica foi do meu amigo irmão Ari que nos acompanhou nesta jornada de João Pessoa até à Baía da Traição no litoral norte do estado.
Foi então remando que saimos de Camurupim e bem lentamente, apreciando a paisaem, chegamos à Coqueirinho do Norte, uma praia situada em área de demarcação indígena no litoral paraibano. Até pouco tempo nem energia chegava por lá. Até agora poucos conhecem o caminho e desfrutam desta maravilhosa praia protegida por arrecifes e ladeada pelo manguezal do rio Mamanguape. Área de preservação do Projeto Peixe Boi.
Caminhada na praia, um mergulho no mar, outros no rio e voltamos de canoa para o almoço. No cardápio galinha à cabidela (molho pardo), peixe fresco e aratu, um crustáceo vermelho incomum que se cria nos mangues vizinhos. Tudo acompanhado de um delicioso feijão verde, arroz branco, pirão e salada. Pimenta pra temperar, suco de cajá pra refrescar e uma redinha pra descansar.
Na companhia dos meus filhotes eu não quero outra vida...
"Eu não quero outra vida
Pescando no rio de Jereré
Tenho peixe bom
Tem siri patola
Que dá com o pé
Tenho peixe bom
Tem siri patola
Que dá com o pé
Quando no terreiro
Faz noite de luar
E vem a saudade me atormentar
Eu me vingo dela
Tocando viola de papo pro ar
Faz noite de luar
E vem a saudade me atormentar
Eu me vingo dela
Tocando viola de papo pro ar
Se compro na feira
Feijão, rapadura
Pra que trabalhar
Sou filho do homem
E o homem não deve
Se apoquentar"
Feijão, rapadura
Pra que trabalhar
Sou filho do homem
E o homem não deve
Se apoquentar"
De papo pro ar, Joubert de Carvalho
Serviço:
Bar do Tingo - Camurupim
Baía da Traição, PB
Tel 83 3625-9099 Tingo e Sandra (ligue e reserve sua refeição)
Nascido no Triângulo Mineiro, era um dos treze filhos do fazendeiro Tobias de Carvalho e de dona Francisca Gontijo de Carvalho.Tinha nove anos quando o pai comprou um piano, onde Joubert passou a tocar, de ouvido, os dobrados que ouvia na banda local. Aos doze, tendo terminado o curso primário em Uberaba, Joubert mudou-se com a família para São Paulo, por conta da preocupação do pai com a educação e formação dos filhos, que foram estudar no Ginásio São Bento.
A primeira composição de Joubert, a valsa Cruz Vermelha, foi inspirada no hospital infantil do mesmo nome, que havia em São Paulo, e cujas primeiras notas haviam sido tiradas no piano da infância.O pai permitiu a Joubert que vendesse as partituras, desde que o dinheiro revertesse em benefício do Hospital Cruz Vermelha. O relativo sucesso alcançado pela música animou Joubert a compor outras peças, que entregava à Casa Editora Compassi & Camin, com autorização de seu pai, desde que o pagamento se resumisse a alguns exemplares para Joubert distribuir aos amigos.Durante o curso ginasial Joubert foi se familiarizando com os clássicos, na casa de uma tia pianista.
Em 1919 Joubert foi para o Rio de Janeiro, onde o ensino era de melhor nível e, em 1920, entrou para a Faculdade de Medicina. Com uma mesada de 500 mil réis, Joubert continuava a compor e, durante uma de suas visitas a São Paulo, o editor fez novos pedidos, com a oferta de 600 mil réis mensais. Como o filho havia obtido êxito nos exames, o velho Tobias não só se rendeu, como manteve a mesada, propiciando ao jovem Joubert uma vida de estudante rico, que podia até mesmo morar em hotel.
Nessa época, influenciado por ritmos estrangeiros, Joubert compôs diversos tangos, como Cinco de Janeiro, dedicado ao sanitarista Oswaldo Cruz. Sua primeira composição gravada foi a canção Noivos, lançada em 1921. Mas seu primeiro grande sucesso viria em 1922 com O Príncipe, composta por inspiração da chuva e que seria sua primeira composição gravada no exterior, em 1931. No ano seguinte, 1923, compôs o tango Lindos olhos. "De papo pro á" foi lançado, com sucesso, por Formenti, em 1931, e revivido por Inezita Barroso, em seu LP Canto da Saudade.
Joubert de Carvalho nunca bebeu, nunca foi boêmio; bares e botequins jamais o atraíram. Homem culto e refinado, chegou também a escrever um romance: Espírito e Sexo, que se aproxima do ensaio social. Como médico, também foi muito talentoso e um dos pioneiros no Brasil em Medicina Psicossomática. Autor de mais de setecentas composições editadas, no final da vida, Joubert se afastou do mundo musical, pois os novos estilos surgidos deixaram pouco espaço ao romantismo do seresteiro que, de certa forma, ele foi. Joubert de Carvalho morreu no dia 20 de setembro de 1977, vítima de pneumonia, deixando importante legado para a música popular brasileira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário