domingo, 23 de junho de 2013

Barthodomeu

Espremido entre os arranhas-céu de Ipanema uma das últimas casas resiste bravamente à especulação.

Costumo frequentar o Barthodomeu nas animadas noites de música ao vivo. Muitos amigos também comemoram seus aniversários no bar que tem ambientes bem divididos em 3 pisos.

O cartaz na calçada indica os pratos do dia: Feijoada, aqui servida diariamente a qualquer hora.


Ronaldinho, o gerente, como sempre estava lá recepcionando todos calorosamente.



Começamos nossa conversa com o Rafa, empresário multimídia e bom de conversa. Quase mineiro, apreciador de cachaças artesanais e integrante da Confraria do Copo Furado.

Ele e sua esposa apostaram que o Barthodomeu iria dar certo num local onde muitos negócios naufragaram.

Qual seria portanto o diferencial do sucesso ? Em marketing aprendemos que o P de place (localização) é um dos fatores críticos. Será que apenas um bom ponto faz o negócio ir pra frente ? Pode até ajudar mas é preciso investir em produtos que façam a diferença.

Disse o Rafa que muito antes da fama do bolinho da Kátia (do Aconhego Carioca), a sua esposa Tatiana já investia na receita própria do bolinho de feijoada. A gente já conhecia o bolinho mas não podíamos recusar provar mais uma vez esta delícia da casa. Maternidades e direitos autorais à parte, este é com certeza um concorrente fortíssimo !

Imagino que a vantagem da feijoada ser preparada diariamente deva ser um pequeno caldeirão reservado especialmente para dar a liga do sabor na mistura do dia seguinte.

A feijoada é servida na mesa conforme a sua vontade. Pode vir de pouquinho ou tudo junto. Vc é quem decide quanto e quando quer continuar a degustar o que. Legal né ? Para apreciador declarado de costelinha como eu, é tipo assim, sensacional ! Não tem batidinha para acompanhar mas a caipirinha artesanal é bem servida.



E mais o que o Rafa e a Tatiana fazem para garantir uma boa e fiel frequência ? Bem, a Lei Seca tem ajudado, pois muita gente, inclusive eu, prefere ficar nos arredores a investir em longas distâncias em corridas de táxi.

Acho mesmo que o que faz a diferença no Barthodomeu é o investimento em gente. Gente que serve com alegria e atenção, atraindo gente que experimenta, gosta e fica fã.

Uma boa programação musical de domingo a 5a feira também anima os frequentadores e os telões espalhados são fundamentais para acompanhar o futebol das 4as.

Taí uma dica de ouro para a final entre Brasil e Espanha. Formô ?

Serviço:
Barthodomeu
Rua Maria Quitéria, 46 - Ipanema
Tel (21) 2247-8609
http://www.barthodomeu.com.br/

R$ 36,20 a feijoada à vontade por pessoa
R$ 14,60 a porção com 3 bolinhos de feijoada



domingo, 16 de junho de 2013

Feijoada de Rolo

Santa Teresa tem um estilo peculiar para um bairro de cidade grande. Seus casarios que descem pelas encostas encantam pelos salões e vista privilegiada. Os habitantes do bairro se adaptam a um tempo diferente. Seja pela espera do temporariamente extinto bondinho ou pelo hábito de andar a pé, subindo e descendo as ladeiras do bairro. Um dia morarei numa dessas casinhas simpáticas, com pé direito alto, amplos espaços e uma varandinha com rede. Enquanto este dia demora a chegar passeio pelo bairro namorando meu projeto.



Foi numa tarde junina que voltamos ao Espírito Santa, restaurante da chef Natacha Fink alojado num casarão de 1875 e especializado em gastronomia amazônica. Apesar do bem decorado salão interno, o charme mesmo é a varanda externa com direito à integração com a arquitetura do bairro e ao espetáculo do anoitecer.

Fomos provar a Feijoada de Rolo, uma releitura curiosa do prato, composto de uma fina camada de massa de arroz tipo crepe frita com recheio da mistura e acompanhada de couve crocante e laranja. Uma delícia que acompanhamos com a caipisanta de morango com jambu, folhagem típica do Norte que deixa o paladar levemente adormecido ao mastigar. Brincadeira gostosa !

Na sequência pedimos pratos de peixe do criativo cardápio. Desta vez foi o Namorado da Viúva e o Peixe no Pacotinho. A sutileza é algo que pertence e identifica a expertise da chef Natacha. Os sabores vão surgindo aos poucos, e a cada nova investida vão crescendo no paladar.

Definitivamente um local que sempre merece o retorno para testar novas combinações. 



O restaurante fica na principal rua de acesso ao bairro, e costumava alegrar os clientes com a passagem do bonde. Nas noites de 6a a partir das 21h e tardes de domingo a partir das 17h o DJ Zod realiza sua Tertúlia preparando o espírito dos clientes para uma experiência gastronômica única.



“O Espírito Santa é um espaço de cultura gastronômica brasileira contemporânea onde se valoriza acima de tudo os insumos nativos das diferentes regiões do país. Destaco a Amazônia porque é de lá que eu venho e, não há maneira de apagar os fortes registros de sua biodiversidade presentes na minha alma e refletidos no meu trabalho como Chef de Cozinha”.

Natacha Fink


Serviço:
Espírito Santa
Rua Almirante Alexandrino, 264 - Largo dos Guimarães, Santa Teresa.
Tel (21): 2507-4840
http://espiritosanta.com.br/
Horário de Funcionamento: diariamente de 12h às 00 h, exceto terças feiras. 
No domingo, a casa funciona das 12h às 22h.

R$ 24,90 a feijoada de rolo



A chef Natacha Fink investe na sustentabilidade do restaurante e valoriza os produtos locais. Os legumes e hortaliças são orgânicos e produzidos na Fazenda Cafundó, em Petrópolis, no Rio. Todos os peixes utilizados são da Amazônia cuja produção está garantida através de projetos de manejo sustentável, não fazendo parte da lista de espécies em extinção. A compra também respeita os períodos anuais de reprodução de cada espécie. Além disso, há coleta seletiva de lixo e aproveitamento da água da chuva.

Medidas sociais também fazem parte do Espírito Santa. A casa apoia um projeto de capacitação de jovens das comunidades de Santa Teresa na área de gastronomia.

domingo, 9 de junho de 2013

Feira das Yabás

Todo segundo do mês acontece a Feira das Yabás organizada há 6 anos pelo compositor Marquinhos de Oswaldo Cruz, reunindo a culinária afrobrasileira e o samba. Tem feijoada.

Para chegar pegue o trem na Central do Brasil com destino a Oswaldo Cruz, a estação seguinte à Madureira, com viagem de cerca de 40 minutos bastante confortável em carros novos com ar condicionado e muito semelhantes aos do metrô.




Iabá, Yabá ou Iyabá, cujo o termo quer dizer Mãe Rainha, é o termo dado aos orixás femininos, Yemanjá e Oxum, mas no Brasil esse termo é utilizado para definir todos os orixás femininos em geral.





No total são 16 barracas, em boa parte das tias das escolas de samba:

Tia Surica - mocotó e aipim com carne-seca
Neide Santana - feijoada de camarão, angu à baiana e feijão amigo
Dona Neném (a mais velha das tias) - rabada com batata, angu e bolinho de abóbora recheado com carne-seca.
Jane Carla - cozido de peixe e frutos do mar
Romana - jabá e caldos de mocotó, feijão e ervilha
Jussara - bobó de camarão
Selma Candeia - abóbora com carne seca
Tia Nira - peixe frito, molho de camarão, pirão e arroz
Tia Edith - macarrão com carne assada
Vera Caju - cozido, camarão frito e caldo de abóbora
Mary - galinha com quiabo
Jane Pereira - jiló frito, caldos e canjas
Rosângela Maria - tripa lombreira e bolinho de bacalhau
Marlene - apresenta roupa velha e feijoda
Vera de Jesus - doces
Sueli - vaca atolada, bolo de aipim e carne com aipim.



É um evento de ocupação da rua, das casas, onde o asfalto recebe ares de celebração.



A roda de samba é comandada por Marquinhos de Oswaldo Cruz, trazendo um convidado por edição. Neste domingo de junho foi a vez de Leci Brandão no palco que já recebeu Monarco, dona Ivone Lara, Almir Guineto, Wilson Moreira, Teresa Cristina, Ana Costa, Leandro Sapucahy, Fundo de Quintal e por aí vai a extensa lista.






O palco fica montado na Praça Paulo da Portela e fica a apenas 10 minutos de caminhada da estação. Ponto de referência é a 29a delegacia de polícia.

Os preços dos pratos variam de R$10 a R$18 o que é um pouco caro para a diminuta porção mas o que vale aqui é participar da festança e contribuir para a manutenção deste evento de raiz.


O ponto alto da festa é quando Marquinhos convida as Yabás para sambar na roda. Um sucesso de público com muita harmonia e alegria. Programinha imperdível para quem gosta de samba ou é curioso para conhecer o subúrbio.



Dica: Chegue cedo, a comida acaba logo e as filas são demasiadamente longas na espera pela sua vez.

Serviço:
Feira das Yabás (segundo domingo do mês)
Praça Paulo da Portela - Oswaldo Cruz


"Um sorriso negro
Um abraço negro
Traz felicidade
Negro sem emprego
Fica sem sossego
Negro é a raiz de liberdade"