sábado, 25 de outubro de 2014

Cassoulet de Frutos do Mar

Dando sequência ao post anterior sobre as versões da feijoada atravessamos a fronteira para a vizinha França, terra da alta gastronomia e que nos brinda com o prato oriundo da região do Languedoc-Roussilon, mais especificamente da cidade de Castelnaudary que realiza anualmente no mês de agosto a Fête du Cassoulet.


Conta a lenda que o prato surgiu durante a Guerra dos Cem Anos travada entre França e Inglaterra entre os séculos 14 e 15 quando o cozido era preparado com os suprimentos disponiveis para fortalecer as tropas francesas durante o combate.

O prato é composto de feijão branco com linguiça e carnes como pato, ganso, cordeiro, perdiz ou porco, a depender da receita. Aqui nos trópicos é comum adicionar os frutos do mar e foi esta a receita que fomos provar no Giuseppe Grill Leblon.

O restaurante foi premiado em 2014 pela melhor carta de vinhos da cidade pelo O Globo e melhor carne pela revista Veja Rio como indicam os prêmios logo na entrada.


O ambiente rústico dos tijolos aparentes recebe uma importante coleção de quadros e combina com o piso de madeira de demolição. O balcão de peixes e frutos do mar trazidos diariamente reforçam a especialidade da casa em grelhados. Outra especialidade da casa é o sorriso impresso nos rostos da equipe como os maitres Didi e Maurício e o chef Fernando Ribeiro.



Um enorme diferencial da carta de vinhos premiada é o grande número de rótulos vendidos por taça, sendo que, a casa cobra pela taça a exata proporção de 1/4 do valor da garrafa inteira. Além de simpático é bem honesto. Na dúvida do que escolher é bom consultar a sommelière Janaína uma sugestão para acompanhar o prato. 



Foi assim que meu cassoulet (pronuncia-se caçulé) foi acompanhado por uma taça de Mariana, um branco português do Alentejo com notas minerais e que foi assim nomeado em homenagem à freira que manteve um amor secreto por um oficial francês, que lutou em solo português durante a Guerra da Restauração entre Portugal e Espanha no século 17.

Dos terraços da Adega do Rocim vê-se ao fundo a Torre do Castelo de Beja, lembrando Mariana Alcoforado, a freira enclausurada, escrevendo ao seu amado, enquanto olhava como dádivas de amor, os abençoados vinhedos que dali podia contemplar. 

Na primavera de 1666 a guerra com os espanhóis chegava ao fim e Chamilly iria partir para sempre.

"Atribuo toda esta desgraça à cegueira com que abandonei a dedicar-me a ti.Pois não devia eu prever que os meus prazeres acabariam antes que acabasse o meu amor ?" 

Mariana Alcoforado em Cartas Portuguesas 1669



Serviço:
Giuseppe Grill Leblon
Rua Bartolomeu Mitre, 370 - Leblon
http://www.bestfork.com.br/giuseppegrill/leblon/

Tel 21 2249-3055 (aceita reservas)

R$ 64, o Cassoulet de frutos do mar
R$ 32, a taça de vinho Mariana


Sobre as Cartas Portuguesas

Mariana Alcoforado foi uma das religiosas da Ordem de Santa Clara, do Convento da Conceição de Beja, local onde actualmente funciona o Museu Regional da cidade. Natural de Beja, nasceu a 22 de Abril de 1640, entrou na clausura com 11 anos, vindo a professar aos 16. Porteira, Escrivã e Vigária, foram alguns dos cargos que exerceu durante a sua longa vida conventual. Faleceu em 28 de Julho de 1723.

As cartas de amor são a sua paixão sublime não correspondida, que perdura no tempo e tem despertado o interesse de todo o mundo. Desde a edição princeps de Claude Barbin, datada de 4 de Janeiro de 1669, com o título de “Lettres Portugaises Traduites en François”, até hoje, sucederam-se centenas de edições em diferentes idiomas, poemas, peças de teatro, filmes, obras de interpretação plástica e musical.

Os amores com o Marquês de Chamilly, a quem vira pela primeira vez do terraço do convento, de onde assistia às manobras do exército, deve ter ocorrido entre 1667 e 1668. Sóror Mariana pertencia à poderosa família dos Alcoforados, e o escândalo provavelmente se alastrou. Temeroso das consequências, Chamilly saiu de Portugal, pretextando a enfermidade de um irmão. Prometera mandar buscá-la. Na sua espera, em vão, escreveu as referidas cartas, que contam uma história sempre igual: esperança no início, seguida de incerteza e, por fim, a convicção do abandono. Esses relatos emocionados fizeram vibrar a nobreza da França, habituada ao convencionalismo. Além disso, levaram, para a frívola sociedade, o gosto acre do pecado e da dor, pois, ao virem a lume, divulgaram a informação de que as compusera uma freira.

O Museu conserva ainda a grande janela gradeada, mais conhecida como a Janela de Mértola, das Portas de Mértola ou de Mariana, verdadeiro ex-libris do convento, do museu e da cidade, através da qual a religiosa viu tantas vezes passar aquele que a encantava e que num dia especial a destacou com o seu olhar e lhe fez sentir os primeiros efeitos da sua infeliz paixão.

Fonte: http://www.museuregionaldebeja.pt/?page_id=28

sábado, 18 de outubro de 2014

Callos à Galega

Minha pesquisa sobre feijoadas indica claramente que o prato tem sua origem nos cozidos da península ibérica, particularmente em Portugal onde são encontradas inúmeras versões com diversos tipos de feijão e carnes. A Espanha também participa com algumas versões de cozidos como o Callos a Galega.


A Casa de Espanha do Rio de Janeiro foi fundada em 27 de março de 1983 através da fusão entre o clube espanhol de Rio de Janeiro, fundado em 1951 e a Casa de Galicia fundada em 1947. Nas instalações deste agradável clube no bairro do Humaitá com visto para o Redentor encontramos a Taberna O Emigrante.


A taberna tem ambiente intimista, quase medieval, colada na encosta do morro onde foi construída. No comando da cozinha o Chef Hortêncio há 11 anos serve a tradicional gastronomia espanhola.


Iniciamos nosso percurso nos deliciando com tapas de jamon serrano, revilla, empanada de bacalhau, pimentão picante, torradas de cebola e pão que nunca pode faltar numa verdadeira mesa espanhola.

Na sequência chega à mesa o Callos a Galega, o cozido de grão de bico, chouriço, costelinha de porco, bucho, mocotó e tempero segredo de chef. 


Apesar de não comer as carnes gordas da feijoada acho que são essenciais para conferir o sabor ao feijão.

O mesmo princípio se aplica aqui. Dispensei o bucho e o mocotó e caí dentro do grão de bico com o chouriço, a costelinha e o delicioso caldo para deixar o arroz branco bem molhadinho. Uma delícia ! 

O prato serve 2 pessoas. Levamos uma quentinha com o que sobrou e a promessa de incrementar grão de bico e linguiças para um típico prato Lavoisier. Afinal, nesta vida nada se cria, nada se perde, tudo se transforma !

O melhor de tudo é que não precisa ser sócio para frequentar a taberna, basta chegar que será bienvenido !



Serviço:
Rua Maria Eugenia, 300 - Humaitá
Tel 21 2536-3150 Extensão Bar
Diariamente das 12 às 24h

http://www.casadeespanha.com.br/


R$ 18, Tapas variadas
R$ 38, Callos à Galega (serve 2 pessoas)
R$ 9,   Cerveja Original

domingo, 12 de outubro de 2014

Bolinho e Bolacha

Subimos para Santa Teresa para unir gastronomia e cultura.

Santa Bolacha é o nome de um evento realizado esporadicamente no bairro para reunir amantes da música e do vinil no Largo das Neves onde o bonde faz(ia) a curva.



Chegamos na hora indicada no jornal e logo que percebemos não ia acontecer no horário seguimos os trilhos até o Bar do Gomez, bastião da galera descolada do bairro.

O expansionismo das pequenas e grandes redes de supermercado nos anos 70 levou a cabo este armazém fundado em 1919 pelo espanhol Garcia. 

A vocação para o servir permaneceu forte na família após várias gerações e seu sobrinho Gomez passa então a encantar os fregueses com suas estórias da terra natal, encontrando outro nicho de mercado quando o armazém passou para a categoria botequim.

Os belíssimos móveis de época ainda emolduram o ambiente deste empório que abastecia com produtos finos as famílias tradicionais do bairro de Santa Teresa.

Uma verdadeira viagem ao passado para desfrutar em boa companhia.



Cerveja gelada na mesa, pedimos a porção de bolinhos mistos com duas unidades de bolinho de feijão preto com carne seca, de feijão branco com linguiça calabresa e abóbora com carne seca.


Pedida certeira, os saborosos bolinhos abriram o nosso apetite para uma segunda fase.

Para ilustrar o blog elegemos também as trouxinhas de carne de porco em formato de cenourinhas, servidas em porção de 9 unidades e acompanhadas de geléia de pimenta. Uma lástima ! A ausência de personalidade no recheio indicava apenas que poderia ser de qualquer tipo de carne processada.


Era hora de partir ! Voltamos ao Largo das Neves onde a festa Santa Bolacha homenageava o vinil com músicas que dificilmente vc encontra nas pistas da cidade. Para saber o próximo evento acompanhe a página da festa no Face.


Serviço:
Bar do Gomez ou Armazém São Thiago
Rua Áurea, 26 - Santa Teresa
Tel 21
www.armazemsaothiago.com.br

R$  9,00 cerveja Original em garrafa
R$ 34,00 a porção de bolinho misto
R$ 32,50 a porção de cenouriha de porco com geléia de pimenta



Santa Bolacha
https://www.facebook.com/events/1505380239696518/?fref=ts

Discotecários:
Dj Montano ( Analógico Imaginário, Ziriguimundi e Tropicana )
Dj Tuta ( Vinil é Arte e Analógico Imaginário)
Dj Zod ( Santa Levada )
Dj Tataogan ( Da Raiz ao Chip, Vitrolinha e Tomba Orquestra )

Djs convidados:
Jada e Lucas Porto ( Coletivo Quermesse)
Alexandre Almeida ( Coletivo Amo Vinil )