segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Gastrobeer

O carioca aderiu com força aos eventos gastronômicos de rua que pululam por toda a cidade e aproveitando a temperatura amena fomos conhecer o Gastrobeer já na 12a edição.


O modelo é o de sempre: comida, bebida e música. Tudo com qualidade. O diferencial está no entorno sensacional da Quinta da Boa Vista como um atrativo à parte. Famílias reunidas em picnics por todo lado. Crianças brincando. Bicicletas e skates. Vale tudo para se divertir. Até pedalinho no lago tem.

 

Na chegada avistamos uma churrasqueira fumegando burgers suínos da Victorian Top Secret que prometiam sucesso total. Não havia fila e compramos. Estávamos em grupo e nossos amigos foram passear pela feira.

48 minutos cravaram entre o pagamento e a entrega, no meu entender, uma total ausência de percepção do negócio e respeito ao consumidor. O combinado não sai caro portanto bastava informar o tempo de espera e sugerir pegarmos um chopp nas barracas vizinhas.

Obviamente a nossa expectativa não foi atendida o suficiente para abalar a avaliação da experiência.

Moral da estória: não valeu a pena a espera.

 

Passamos por uma barraca vendendo bolinhos de feijão com recheios diversos que esperamos encontrar numa oportunidade muito breve para degustar.

 

Se beber não dirija. O acesso é super fácil via metrô São Cristóvão, bastando atravessar a passarela em direção à Quinta.

Dá também para combinar a feira por exemplo com a visita ao Museu Nacional de História Natural criado por Dom João VI e que completará 200 anos em 2018 ou com o Jardim Zoológico para "dar pipoca aos macacos" como dizia Raul quando ainda era permitido alimentar os animais.


Para saber a próxima edição da feira acompanhe nas redes sociais e site.

Serviço:
Gastrobeer
https://www.gastrobeerrio.com.br/

Museu Nacional
http://www.museunacional.ufrj.br/

Rio Zoo
http://prefeitura.rio/web/riozoo

sábado, 16 de setembro de 2017

Vila St-Gallen

Neste fim de semana fomos passear na Europa. Conhecemos o processo de fabricação de cerveja conforme sua origem no mais antigo convento suíço e visitamos uma vila onde almoçamos Eisbein, o tradicional joelho de porco. Tudo isto bem pertinho do Rio.

 

Numa sacada genial de branding a cervejaria Theresópolis criou uma vila temática com foco na sua linha de produtos. Localizada no bairro do Alto logo após a entrada na cidade, de fácil acesso de carro ou ônibus, a Vila St-Gallen é um parque de diversões para os amantes da cerveja. O clima começa no acesso pela taberna com visão para os tanques de produção.

 
 

A visita deve ser agendada pois as vagas são limitadas. O anfitrião e sommelier de cervejas Pedro é um showman que logo no início cria um link com os participantes do Bier Tour. Após o detalhamento do processo de produção com demonstração de lúpulos e cereais o grupo passa para uma sala anexa onde tem início a degustação. É neste momento que vc testa seus conhecimentos, seu nariz e paladar para a  harmonização das cervejas.

 

Pedro explica então que as harmonizações em geral são por corte (quando, por exemplo, os elementos da bebida, como amargor, “quebram” a gordura presente no prato, limpando o paladar para a nova garfada), contraste (quando as características diferentes entre o prato e a cerveja acabam por valorizar ambos, por compensação), e semelhança (quando prato e cerveja possuem elementos sensoriais que se assemelham e se complementam).

Tudo de forma simpática para que todos tenham a oportunidade de aprender um pouco mais sobre o mundo de cervejas que recentemente vem se abrindo aos brasileiros. 

 
 

Ao final vc fica com gostinho de quero mais, e é hora de escolher um café ou chocolate na Kaffee Haus ou as delícias do menu da Brewhouse.

Preferimos focar no Eisbein, prato típico dos países de língua germânica, que por lá é servido cozido e aqui ganha a versão frita com aquela casquinha que a gente adora, acompanhado de salada de batatas à perfeição e chucrute.

 

A cidade original de St-Gallen fica na Suíça e cresceu no entorno do mosteiro beneditino do século 8 e pioneiro na produção de cerveja na Europa. Sua biblioteca é reconhecida como uma das mais ricas e antigas do mundo, dispondo da maior coleção de livros do início da Idade Média, na parte germânica da Europa. Contém cerca de 160 mil livros dos quais 2.200 são manuscritos e 500 têm mais de mil anos.

Teresópolis tem muitos outros encantos e vale apena passar ao menos duas noites para conhecer o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, visitar o orquidário Arabotanica, passear pela Rota Terê-Friburgo e comprar presentes na Feirinha do Alto.

Minha dica de hospedagem fica a 5 minutos a pé do Vila St-Gallen no belo prédio do Higino em estilo germânico e que abrigou um famoso cassino nos anos dourados.


Nosso agradecimento ao gentil convite para conhecer o Bier Tour feito pela Cristina, gestora do complexo.

Serviço:

Vila St-Gallen
Rua Augusto do Amaral Peixoto, 166, Bairro do Alto, Teresópolis, RJ
Tel (21) 2642-1575

R$ 70, o Bier Tour com as harmonizações

http://vilastgallen.com.br/
http://www.cervejatherezopolis.com.br/

Hospedagem no Higino
Avenida Oliveira Botelho, 365, Bairro do Alto

R$ 120 a 140 a diária para até 4 pessoas

https://www.airbnb.com.br/rooms/16345382

Um pouco de História...

Na Idade Média a produção e consumo de cerveja tiveram um grande impulso, muito por causa da influência dos mosteiros, locais onde este produto era não só tecnicamente melhorado, como também produzido e vendido. Naquela altura, os mosteiros seriam algo semelhantes a um hotel para viajantes, oferecendo abrigo, comida e bebida a peregrinos.

Também neste período se manteve o hábito de produzir cerveja em casa, sendo que essa tarefa continuava maioritariamente entregue às mulheres. Sendo elas as cozinheiras, tinham igualmente a responsabilidade da produção de cerveja, que era vista como uma “comida-líquida”. Em certas zonas, a cerveja chegou mesmo a ser mais popular do que a água já que, como é sabido, a Idade Média era uma época onde as práticas sanitárias eram muito más, pelo que se tornava mais seguro beber cerveja do que água. De fato, o processo de fabricação fazia com que muitas das impurezas fossem filtradas pelo que quem pudesse fazer a troca de água por cerveja raramente hesitava.

Nos mosteiros, as técnicas de fabricação iam sendo desenvolvidas, em busca de uma cerveja mais agradável ao palato e mais nutritiva. A importância da qualidade alimentar da cerveja era algo de relevante para os monges, dado que era um produto que os ajudava a passar os difíceis dias de jejum.

Esses períodos caracterizavam-se pela abstinência dos monges em termos de comida sólida, mas nada os impedia de ingerir líquidos. Há relatos de monges que foram autorizados a beber até 5 litros de cerveja por dia. Isso só os incentivou a produzir mais e melhor cerveja, chegando ao ponto de se criarem pequenas tabernas nos mosteiros onde era cobrada uma pequena taxa para que as pessoas pudessem experimentar a cerveja de alta qualidade que ali se produzia. 

Em termos técnicos, os monges deram uma maior importância ao uso do lúpulo, substância que tornava as cervejas mais frescas devido ao seu amargor natural e que, por outro lado, as ajudava a conservar. Ao dosearem a quantidade de malte e lúpulo, passaram a produzir uma cerveja com pouco álcool para consumo diário e uma cerveja mais pesada e alcoólica para ocasiões festivas. 

Uma contribuição fundamental da produção cervejeira monástica foi o emprego de algumas sementes, como o mirto de Brabante e o gruyt (ou gruut) - mistura de ervas aromáticas - que também atuavam como bons conservantes da cerveja. 

Esta indústria teve tal sucesso que chamou a atenção dos nobres e soberanos, que passaram a cobrar pesadas taxas sobre a venda deste produto. Em certas zonas, chegou-se ao ponto de só ser permitida a produção de cerveja mediante autorização régia, envolvendo isso, claro está, o pagamento de uma determinada quantia. 

Infelizmente, esta ganância levou ao encerramento de muitas tabernas de abadias e mosteiros, que não conseguiram acompanhar as elevadas taxas que lhes eram impostas. 

Os conventos mais antigos a iniciarem a produção de cerveja foram os de St. Gallen, na Suíça, e os alemães St. Emmeran e Weihenstephan, sendo este o primeiro a receber oficialmente a autorização profissional para fabricação e venda da cerveja, em 1040 d.C, e portanto a cervejaria mais antiga do mundo ainda em funcionamento. 

http://www.cervejasdomundo.com/EraMedieval.htm

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Feijoada do Mirante

O Morro Dois Irmãos emoldura a paisagem do Leblon e da areia da praia vc fica imaginando como será a vista lá do alto. Fomos conferir a feijoada do Mirante do Arvrão que tem edição mensal.

Esculpido no cume do Vidigal em projeto de Hélio Peregrino, o complexo bar-restaurante-hotel acompanha a vegetação remanescente e se espalha por vários ambientes e decks com capacidade para 450 pessoas.

Há cerca de 3 anos o Daniel e sua esposa entraram na empreitada para tocar os eventos. Eles trouxeram de Rondônia a expertise na área e a receita da feijoada que é servida individualmente com a guarnição empratada e as carnes na cumbuca.

 
 

A sensacional vista descortina as praias do Leblon e Ipanema fazendo o gigante Sheraton Rio parecer uma casinha como outra qualquer. Neste período de temperatura baixa oferecem mantas para quem prefere o deck aberto sendo um programão para o por do sol e nascer da lua.


No feriado da Independência a festa começou às 15h com Sambinha Retrô e recebeu a participação especial do ator Marcelo Melo, residente no Vidigal onde iniciou sua carreira no teatro com o Nós do Morro e na música com o Melanina Carioca.

No intervalos DJ para depois quebrar tudo com a velha guarda do funk com os MCs Junior e Leonardo. É festa para cantar as músicas que vc conhece e a galera requebra até 23:59 quando a festa acaba.

 
 

"quem não conhece a favela 
pensa que só tem feiúra
mas é só se aproximar
encontra muita formosura
você sobe em qualquer canto
e logo enxerga o visual
por isso vem cantar comigo
o Rap do Cartão Postal
au au au
que visual
au au au cartão postal" 


Monobloco, Rap do cartão postal

  

Serviço:
Mirante do Arvrão
Rua Armando Almeida Lima, 8 - Vidigal
Tel (21) 999778007 Daniel

R$ 60, a venda antecipada do combo entrada+feijoada+caipirinha

Restaurante das 12 às 22h (fecha às 3as) com roda de samba aos sábados e domingos a partir das 15h

https://www.facebook.com/mirantearvrao

Para a subida melhor não arriscar suas pernas nos moto táxis que tiram fino de qualquer coisa no caminho. O acesso em kombis sai da base do Vidigal na Niemeyer a R$ 5 ou em dias de eventos na Rua Rainha Guilhermina, 48 no final do Leblon a R$ 10 a partir das 15h.

sábado, 2 de setembro de 2017

Casa Flor Paquetá

Paquetá faz parte da memória afetiva do Carioca. E foi juntando a fome com a vontade de passear que atravessamos a Baía para um delicioso programa com feijoada.

 
 

Paquetá está nos versos de João de Barros e nas letras de músicas de Luiz Melodia e dos parceiros João Bosco e Aldyr Blanc.

Paquetá é um bairro do Rio pertencente à subprefeitura do Centro. E ponto. Nenhum outro link com o frenesi da cidade. Tudo tem outro tempo e portanto o melhor a fazer é se adequar ao relógio assim que chegar.

Paquetá é como o Corcovado. Está ali pertinho e de fácil acesso, mas o Carioca é displicente e só vai quando está recebendo algum amigo de fora. E quando lá chega, se encanta e fica repetindo: por que demorei tanto a voltar ?

Levante a mão quem nunca fez um picnic em Paquetá ? Ou quem não nutre o desejo de passar o dia por lá pedalando ?

 
 

Já venho um tempo paquerando o programa pois havia uma feijoada de camarões com roda de samba que muito me interessava.

Pesquisando na rede caiu o peixe da Casa Flor que integra um grupo de moradores organizados ativamente para defender a cultura local, gastronomia inclusa.

Todo primeiro final de semana do mês a Casa Flor prepara sua feijoada na lenha e servida à beira da piscina emoldurada por plantas e flores. Quem prepara é a Flor, como é carinhosamente chamada a Thais pelo marido Marcelo.

 
 

Uma feliz decisão de um casal de moradores do continente, ambos com histórico familiar e de amigos na ilha, os incentivou a mudar. E que mudança ! A Casa Flor é um espaço multicultural que abriga eventos diversos para o público local e visitantes.

Pedimos antipasto para abrir o apetite enquanto degustamos a bela cerveja artesanal Paquetá, uma golden ale com amargor equilibrado e aromas de damasco e laranja produzida em Nova Friburgo. Do bar sai também uma excelente caipirinha de lima com Boazinha preparada pelo Fábio.

 
 

A feijoada é preparada com muito carinho e a Flor não desgruda dos panelões. Vc pode escolher as carnes da sua preferência que chegam derretendo especialmente a costelinha. Gostamos muito de tudo o que vimos e provamos. Programinha para repetir e de preferência dormindo na ilha que conta com boas opções de pousadas.

 
 
 

A tranquilidade e segurança na ilha tem fomentado eventos diversos e atraído público do continente. No dia do passeio estava programado o bloco Boto Marinho que arrastou desde a barca animados e ansiosos foliões para o carnaval fora de época. Seria o início da Miquetá ?

 

Esqueça por momentos seus cuidados
E passe seu Domingo em Paquetá
Aonde vão casais de namorados
Buscar a paz que a natureza dá

O povo invade a barca e lentamente
A velha barca deixa o velho cais
Fim de semana que transforma a gente
Em bando alegre de colegiais

Em Paquetá se a lua cheia
Faz renda de luz por sobre o mar
A alma da gente se incendeia
E há ternura sobre a areia
E romances ao luar

E quando rompe a madrugada
Da mais feiticeira das manhãs
Agarradinhos, descuidados
Ainda dormem namorados
Sob um céu de flamboyant
s

Fim de Semana em Paquetá por João de Barro e Alberto Ribeiro

Serviço:
Casa Flor
Rua Alambari Luz, 725
Tel  (21) 3397-2227

R$ 76, a feijoada para 2 (serve 3)
R$ 20, o prato de antipasto
R$ 20, a cerveja Paquetá
R$ 18, a caipirinha de Boazinha
R$ 12, a cerveja Original

https://www.facebook.com/casaflor.paqueta/

Informações de Paquetá
http://www.ilhadepaqueta.com.br/paqueta.htm

Um pouco de História...

Apesar da sua descoberta em 1555 e o início da colonização 10 anos depois, foi a partir de 1808 com a vinda regular de Dom João VI que a localidade tem notoriedade.  O percurso regular das barcas a partir de 1838 e o sucesso do romance A Moreninha de 1844 também trouxeram a ilha novos ares.

A colonização da Ilha de Paquetá é tão antiga quanto à da Cidade do Rio de Janeiro. O fato de ser uma ilha com seu isolamento geográfico, aliado à legislação de preservação, contribuíram para que boa parte de seu acervo arquitetônico fosse preservado.

A chegada de D. João VI a Paquetá, em 1808, no mesmo ano em que a Família Real vem para o Brasil, eleva a ilha a um relevante status cultural junto à Corte e à população da cidade. Paquetá assumia o papel de centro político.

Vários nobres e personalidades importantes passaram a frequentar ou mesmo morar em Paquetá, como José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, que em 1829 afasta-se da Corte por motivos políticos e se exila em Paquetá.

No final deste século, a ilha passaria pelo que foi, provavelmente, o seu momento mais difícil: A Revolta da Armada.

Em 1893, a Marinha de Guerra deflagrou um movimento insurrecional contra o governo do Marechal Floriano Peixoto. Paquetá foi, involuntariamente, base de operações para os revoltosos, ficando isolada do Rio de Janeiro por seis meses.

A Moreninha

O romance A Moreninha é considerado o primeiro romance romântico brasileiro. Apresenta uma linguagem simples, um enredo que prende o leitor com algum suspense e um final feliz típico dessa fase do movimento do Romantismo. A obra remonta o cenário da alta sociedade carioca em meados do século XIX. Joaquim Manuel de Macedo ganhou notoriedade na corte carioca, pois a obra caiu no gosto do público.

A idealização do amor puro, que nasce na infância e permanece apesar do tempo, é uma das principais características que enquadram a obra como romântica. Além disso, a menção à tradição religiosa (festa de Sant’Ana), o sentimentalismo e caracterização da natureza através da ilha, da gruta e do mar contribuem para montar o cenário do amor romântico entre Augusto e Carolina. 
 
"A fonte nunca mais deixou de existir, e há ainda quem acredite que por desconhecido encanto conserva suas virtudes: - Dizem pois que quem bebe d’essa água não sahe da nossa ilha sem amar alguém d’ella, e volta por força em demanda do objecto amado; e em segundo lugar, querem também alguns que algumas gotas bastam para quem bebe adivinhar os segredos de amor." 

A MORENINHA, de Joaquim Manuel de Macedo