O centro histórico do Rio é um local especial para curtir uma boa feijoada. Um pequeno quadrilátero em particular, delimitado pelas ruas do Mercado e Primeiro de Março e suas transversais ruas do Ouvidor e do Rosário, abrigam algumas das melhores opções da cidade.
Foi respondendo ao convite da amiga e chef Simone Almeida que fui conhecer sua nova casa, a Lampadosa.
Este pequeno trecho da Rua do Rosário me faz lembrar das ruelas de cidade medievais da Europa, em especial, da Petite rue des Bouchers, situada em Bruxelas, onde passei uma temporada. Além da semelhança pela sua localização em área histórica da cidade, a nossa rua é reservada aos pedestres e também abriga bistrots vizinhos, criando um ambiente propício ao lazer e à gastronomia a céu aberto.
A casa surgiu da combinação da Simone na elaboração do conceito aliada à expertise do seu marido Luciano, na gestão do consagrado Cais do Oriente, situado na quadra seguinte. A iluminação quente convida a uma experiência aconchegante.
No térreo do sobrado a cozinha do tipo aquário chama a atenção na produção dos pratos. No segundo andar um espaço reservado para grupos e no terceiro piso, o xodó da chef, seu atelier onde recebe curiosos em aprender os segredos da cozinha brasileira. É lá que diariamente, turistas na sua maioria estrangeiros, se deleitam com os sabores da nossa cultura. Tem até aula de Feijoada !
Instalados numa mesa bem em frente ao sobrado iniciamos com caipirinhas de cachaça artesanal acompanhadas de linguiça mineira e polenta fritas para abrir o apetite. O vai e vem da rua trazia visitantes e convidados para uma vernissage na vizinha galeria de arte.
A feijoada servida aos sábados é oferecida em porção individual, com um belo prato de acompanhamentos e apesar da generosa companhia da cumbuca de suculentas carnes. A farofinha de alho estava deliciosamente perfeita e o feijão com o tempero da chef apurado em muitas aulas no atelier anterior em Copacabana, onde tive a oportunidade de conhecer e registrar aqui.
Porque era sábado, nossa tarde não poderia terminar sem uma passadinha para dançarmos junto aos amigos da Ouvidor que se reunem para a confraria do chapéu Panamá.
Ave César, figura implacável e defensor dos direitos da boa música ! Levamos o casal de canadenses Dorothy e Tom, integrantes da filarmônica em visita à cidade e que conhecemos naquela tarde no restaurante.
Coisa de cariocas... nós que os convidamos sem melindres e eles que aceitaram prontamente !
Serviço:
Lampadosa
Rua do Rosário, 36 - Centro
Tel (21) 2223-0144
R$ 27, a feijoada individual
Um pouco de curiosidade...
Muitos pensam que a palavra lampadosa
tem alguma relação com lâmpada mas, na verdade, refere-se à ilha de
Lampadosa, no Mediterrâneo, entre a Sicilia e o norte da África. Uma
imagem de Nª Sª do Rosário, trazida dessa ilha passou a ser conhecida
por Nª Sª da Lampadosa e, contagiada pela semelhança, passou a ser,
também, Nª Sª das Candeias.
Uma
irmandade de homens de cor foi fundada em 1714, sob a designação de
Venerável Confraria de Nossa Senhora da Lampadosa, tida como protetora
dos escravos. Os confrades, que exerciam sua devoção na Igreja do
Rosário, obtiveram, por doação, pequeno lote de terra, onde erigiram uma
capela. A Confraria, com o passar dos tempos, veio a construir, em
1747, a igreja que, à época, chegou a dar nome à rua hoje designada Luiz
de Camões.
Consta que à sua porta, teria Tiradentes assistido parte da missa, em seu caminho para a fôrca.
A construção que hoje se vê, na Av. Passos 15, data de 1936.
Nª
Sª da Lampadosa é representada por uma jovem mãe, tendo à mão direita
elevada à altura do ombro um coração, símbolo do amor, e no braço
esquerdo sustenta Jesus-menino que, por sua vez, tem à mão direita uma
pomba, representativa do Espírito Santo. Tais detalhes já não são vistos
na imagem do frontão da igreja.
Fonte:http://rio-curioso.blogspot.com.br/2010/08/igreja-de-nossa-senhora-da-lampadosa.html
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